O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, terminou hoje o seu último discurso num 10 de Junho com uma homenagem aos militares e ao antigo chefe de Estado general Ramalho Eanes, que condecorou.

No fim do seu discurso na cerimónia militar comemorativa do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas realizada na Avenida dos Descobrimentos da cidade algarvia de Lagos, Marcelo Rebelo de Sousa fez um agradecimento ao "povo anónimo" e destacou o papel dos militares.

"Isto é Portugal, os portugueses e as portuguesas, e nele os nossos combatentes, os nossos militares, esses militares que aqui estão, todos os anos pelo 10 de Junho, mas estão na nossa História desde que nascemos. Nascemos e tornámo-nos independentes por causa da sua intervenção, recuperámos a independência por causa da sua intervenção", afirmou.

O chefe de Estado e comandante supremo das Forças Armadas referiu que o Portugal foi um reino "feito por esses soldados" e hoje é uma "pátria que vive em liberdade e democracia feitas por esses soldados".

"É essa gratidão que queremos testemunhar neste 10 de Junho de 2025 em Lagos, condecorando quem foi, nos mais de 90 anos da sua vida, combatente em África, capitão de Abril, protagonista de Novembro, chefe militar até ao comando supremo, primeiro Presidente da República Portuguesa eleito livremente pelo povo português", acrescentou.

Antes de condecorar António Ramalho Eanes, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que o general "merece como ninguém o primeiro grande-colar da Ordem Militar da Avis, nunca atribuído".

"Homenagem a este homem e ao seu percurso como militar e cidadão. Homenagem às Forças Armadas Portuguesas. Homenagem ao povo português. Homenagem a Portugal. Viva Portugal", concluiu.

Ramalho Eanes destacou a “generosidade” do atual chefe de Estado em condecorá-lo e elogiou o discurso de Marcelo Rebelo de Sousa nas cerimónias do 10 de Junho, realçando a ideia de comunidade.

O antigo chefe de Estado referiu que essa condecoração distingue “todos os militares, todos os trabalhadores portugueses, todos os intelectuais, enfim, toda a comunidade nacional”, sendo “muito generosa”.

Depois, destacou as mensagens inerentes ao discurso hoje proferido por Marcelo Rebelo de Sousa: “Mostrou de onde viemos, o que em conjunto fizemos, os erros que cometemos enquanto comunidade, mas também apontando a capacidade de os ultrapassar”.

Ramalho Eanes disse que cabe agora aos portugueses “enfrentar um desafio terrível, que é um desafio interno potenciado no exterior”. “Em conjunto, os portugueses querem fazer o futuro”, acrescentou.

De acordo com o portal das ordens honoríficas, "a Ordem Militar de Avis destina-se a premiar altos serviços militares, sendo exclusivamente reservada a oficiais das Forças Armadas e da Guarda Nacional Republicana, bem como a unidades, órgãos, estabelecimentos e corpos militares".

Segundo a Presidência da República, esta é a primeira vez que é atribuído o grande-colar da Ordem Militar de Avis, o mais alto grau desta ordem militar.

O general Ramalho Eanes foi o primeiro Presidente da República eleito por sufrágio universal em democracia, nas presidenciais de 1976, e cumpriu dois mandatos na chefia do Estado, até 1986.

Em novembro do ano passado, Marcelo Rebelo de Sousa descreveu-o como "um sábio atento ao presente e ao futuro" e em janeiro deste ano, quando o antigo Presidente completou 90 anos, agradeceu-lhe pelo serviço prestado a Portugal.

"Serviu Portugal nas Forças Armadas. Serviu Portugal no 25 de Abril. Serviu Portugal durante a revolução. Serviu Portugal antes, durante e depois do 25 de Novembro de 1975. Serviu Portugal com a sua candidatura à Presidência da República. Serviu Portugal com a sua recandidatura e reeleição no segundo mandato na Presidência da República", escreveu o chefe de Estado, numa mensagem de felicitações a Ramalho Eanes.

António Ramalho Eanes nasceu em Alcains, Castelo Branco, em 25 de janeiro de 1935.

Como militar, participou na Guerra Colonial. Depois do 25 de Abril de 1974, foi o comandante operacional do 25 de Novembro de 1975, que marcou o fim do chamado Período Revolucionário em Curso (PREC), e chefiou o Estado-Maior do Exército.

Após deixar a Presidência da República, veio a liderar o Partido Renovador Democrático (PRD), força política que nasceu quando estava a terminar o seu segundo mandato, inspirada na sua figura, e que foi a terceira mais votada nas legislativas antecipadas de 1985.

(Notícia atualizada às 15h09)