Marcelo Rebelo de Sousa falava numa cerimónia no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, antes de embarcar num voo especial da TAP de Lisboa para o Rio de Janeiro para celebrar a travessia aérea do Atlântico Sul feita há cem anos por Gago Coutinho e Sacadura Cabral.

"A TAP está a cumprir uma missão nacional com este voo. Isso é bom", declarou o chefe de Estado, referindo que o general Humberto Delgado "criou a aviação militar e civil em Portugal, criou a ideia deste aeroporto e criou a TAP como companhia, por uma missão nacional".

O Presidente da República disse que "o tempo mudou, as companhia de aviação hoje estão em concorrência umas com as outras", mas defendeu que a TAP "tem a obrigação de ter uma memória nacional, de cumprir o interesse nacional, que as outras não têm".

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, "aquilo que explica por que é que os portugueses na grande maioria aceitam contribuir financeira para a TAP é porque acreditam que ela de quando em vez tem missões nacionais como esta".

"Desta vez, como noutras, desta vez a TAP cumprir uma missão nacional, e enquanto cumprir estas missões nacionais eu arranjo maneira de explicar aos portugueses que realmente têm de ir contribuindo para a TAP para que ela se mantenha uma empresa forte, com qualidade", prometeu.

O chefe de Estado apontou como "muito importante" o papel da TAP "nas ligações, por exemplo, ao Brasil".

"Uma das missões nacionais da TAP é ligar Portugal às comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo", reforçou.

Um voo especial

O avião que leva o chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, é um Airbus A330neo decorado com a cruz de Cristo e batizado de "Santa Cruz" – o mesmo nome do hidroavião Fairey III com que em 1922 os dois oficiais da Marinha fizeram a última parte da viagem e chegaram ao Rio de Janeiro.

"Este voo da TAP celebra a coragem e a visão destes heróis portugueses e a união entre as duas nações", lê-se num comunicado da transportadora aérea nacional.

A TAP repete, cem anos depois, o "voo histórico" de Sacadura Cabral, piloto, e Gago Coutinho, navegador, que "abriu caminho às viagens aéreas com precisão científica graças a uma inovação de um simples sextante adaptado a um horizonte artificial".

"Marcou para sempre a aviação moderna, numa aventura de 4.527 milhas que ligou pela primeira vez, pelo ar, Lisboa e o Rio de Janeiro e, para sempre, Portugal e o Brasil", refere a companhia aérea.

Em 1922, Sacadura Cabral e Gago Coutinho fizeram "mais de 60 horas de voo e oito escalas", em três hidroaviões – "Lusitânia", "Portugal" e "Santa Cruz" – numa aventura iniciada em 30 de março e concluída em 17 de junho. Cem anos depois, a TAP realiza "a mesma viagem, mas sem escalas, em cerca de oito horas".

Neste voo comercial especial, uma parceria com a Comissão Aeronaval para a Comemoração do Centenário da Travessia Aérea, da Força Aérea e da Marinha, viajam também a presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener, e o presidente do conselho de administração da empresa, Manuel Beja.

Da parte do Governo, vão neste voo o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, e o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, Francisco André.

A TAP assinala que "a travessia aérea do Atlântico Sul foi sugerida por Sacadura Cabral em 1919 para comemorar o primeiro centenário [da independência] do Brasil e levou três anos a preparar".

Esta viagem acontece quando o Brasil está prestes a completar 200 anos de independência em relação a Portugal, em 07 de setembro. Marcelo Rebelo de Sousa já anunciou a intenção de estar presente nessas comemorações.

A partida do Aeroporto Humberto Delgado aconteceu pouco depois da meia noite e a chegada ao Rio de Janeiro está prevista para as 05:25 locais (09:25 em Lisboa) de sábado.

No sábado, no Rio de Janeiro, Marcelo Rebelo de Sousa vai intervir e descerrar uma placa numa sessão comemorativa dos cem anos da travessia aérea do Atlântico Sul, na zona portuária no centro da cidade.

O Presidente da República terá ainda uma receção à comunidade portuguesa, no consulado geral português, em Botafogo, antes de seguir para São Paulo, onde estará na abertura oficial da 26.ª Bienal Internacional do Livro, que nesta edição tem Portugal como país homenageado.

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