"A lei prevê que seja uma proposta conjunta do governador do Banco de Portugal e do presidente do Tribunal de Contas, aceite pelo Governo. Portanto, há duas vontades que têm de se conjugar. O que eu espero é que haja um diálogo prévio, porque a falta de diálogo significa que, às tantas, não se acertam os critérios", declarou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas.
O chefe de Estado, que falava à saída do Colégio Moderno, em Lisboa, onde deu uma aula sobre Mário Soares, acrescentou que espera "um diálogo prévio para o futuro, que permita que não apareçam nomes que se saiba de antemão que não podem ser aceites pelo Governo e, por outro lado, que o Governo não seja levado a pensar em nomes que não sejam propostos pelo Banco de Portugal e pelo Tribunal de Contas".
Questionado sobre a recusa do Governo em nomear dois nomes propostos para o Conselho de Finanças Públicas - decisão em relação à qual o presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, pediu esclarecimentos ao primeiro-ministro no debate quinzenal desta quinta-feira -, Marcelo Rebelo de Sousa começou por dizer que "quanto menos o Presidente da República comentar isso, melhor".
Em seguida, contudo, manifestou a esperança de que haja "diálogo prévio" nestes processos de nomeação.
Interrogado sobre a acusação feita pela oposição de que o Governo tenta controlar as entidades independentes, reiterou: "Eu acho que é fundamental haver este entendimento, porque a lei não diz que é uma escolha do Banco de Portugal e do Tribunal de Contas, como também não diz que é uma escolha só do Governo".
"Quando é uma escolha de várias entidades, só há uma maneira de dar certo: é elas falarem primeiro e acertarem os nomes. E espero que isso aconteça", concluiu, defendendo que "o diálogo em democracia é sempre possível".
No final desta aula no Colégio Moderno, onde falou com alunos durante três horas, Marcelo Rebelo de Sousa foi também questionado sobre a notícia de que o Governo vai conceder tolerância de ponto nos serviços públicos no dia 12 de maio, data em que o papa Francisco chega a Portugal para o centenário de Fátima.
O Presidente da República referiu que "houve sempre [tolerância de ponto] relativamente a anteriores vindas de papas", acrescentando: "O Governo ainda não deliberou, já veio nos jornais. Vamos esperar pela deliberação do Governo".
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