Em entrevista à TVI o candidato Marcelo Rebelo de Sousa revelou os seus planos para o Natal, o que não caiu bem junto dos especialistas em saúde pública.
Originalmente o também Presidente da República contava almoçar fora no dia 23 com a família brasileira, jantar no mesmo dia com irmãos e cunhadas e já no dia 24 jantar com outras cinco pessoas. Para dia 25 não havia planos, mas no dia 26 estava em "dúvida" sobre o que fazer "porque tenho da família portuguesa, isto é, netos [que vêm] para Portugal, e família portuguesa: são sete [pessoas]".
As declarações causaram estranheza junto dos especialistas e críticas por não ser um bom exemplo. Agora, Marcelo revê os planos.
"Tendo visto que alguns epidemiologistas ficam sensibilizados de eu ter muitas refeições, já reduzi a uma refeição. Já só só haverá uma refeição em casa, com cinco pessoas", disse o candidato Marcelo depois de entregar assinaturas da candidatura presidencial no Tribunal Constitucional.
“É o mínimo dos mínimos que terei no Natal”, acrescentou. "O meu Natal fica, assim, reduzido ao dia 23. Na quinta-feira e na sexta-feira, 24 e 25 não haverá ” encontros familiares.
Uma "campanha pela positiva"
Marcelo Rebelo de Sousa entregou hoje 12.747 assinaturas no Tribunal Constitucional para formalizar a recandidatura ao cargo de Presidente da República e prometeu fazer uma "campanha pela positiva", apresentando-se como "fator de estabilização, de pacificação e de compromisso".
"A minha ideia hoje é apresentar a candidatura e no futuro é fazer uma campanha pela positiva. Eu não irei fazer uma campanha atacando nenhum candidato nem nenhuma candidata. Direi exatamente aquilo que penso sobre o futuro do país", declarou o candidato aos jornalistas, à saída do Palácio Ratton, em Lisboa.
Acompanhado por meia dúzia de pessoas, que disse ser "um núcleo muito pequeno que ajudou a recolher as assinaturas", 12.747 no total, hoje entregues no Tribunal Constitucional, Marcelo Rebelo de Sousa agradeceu a todos os que contribuíram para a sua recolha, observando: "Não chegam ao número de há cinco anos, 15 mil, mas foi o que foi possível".
No seu entender, nesta campanha os candidatos devem falar sobre "os problemas que o Presidente eleito no dia 24 de janeiro vai ter entre mãos: a pandemia, a crise económica e social aprofundada, a recuperação do país durante anos, a tentativa de ir mais longe do que a recuperação, a superação dos fossos das diferenças, das desigualdades económicas, que se agravaram brutalmente e a manutenção do equilíbrio do sistema político".
"Sabem que eu sou defensor de estabilidade e de compromisso, nesse sentido, sendo um fator de estabilização, de pacificação e de compromisso na sociedade portuguesa. Eu acho que esses são os grandes temas - depois também a presidência portuguesa da União Europeia - sobre os quais os portugueses querem uma resposta", acrescentou.
25 mil euros na campanha
Questionado sobre o seu orçamento de campanha, o candidato declarou que são "25 mil euros", acrescentando: "Tenciono não gastar mais do que isso".
De acordo com o documento hoje entregue no Tribunal Constitucional, a maior parte dos gastos serão com "custos administrativos e operacionais", no valor de 16 mil euros. O candidato estima gastar 3.500 euros em "propaganda, comunicação impressa e digital", 1.500 euros com a "conceção da campanha, agências de comunicação e estudos de mercado ".
Quanto às receitas, o valor previsto para a subvenção estatal é também de 25 mil euros e o orçamento não contempla contribuições de partidos políticos nem angariação de fundos, mas apenas donativos no valor de 1.500 euros.
Marcelo Rebelo de Sousa inscreveu ainda no seu orçamento de campanha 2.500 de donativos em espécie e 1.500 euros de cedência de bens a título de empréstimo tanto no quadro de receitas como no quadro de despesas.
A campanha eleitoral para as eleições presidenciais de 24 de janeiro decorrerá entre 10 e 22 desse mês.
Marcelo Rebelo de Sousa, professor catedrático de direito jubilado, antigo presidente do PSD e comentador político televisivo, foi eleito nas presidenciais de 24 de janeiro de 2016, à primeira volta, com 52% dos votos expressos.
O PSD e o CDS-PP apoiam a sua recandidatura ao cargo de Presidente da República.
Este orçamento com despesas de 25 mil euros é inferior em 84% ao que Marcelo Rebelo de Sousa apresentou há cinco anos quando se candidatou às presidenciais de 2016, que previa despesas no valor de 157 mil euros.
Segundo as contas entregues após essas eleições, divulgadas pelo Tribunal Constitucional em 22 de junho de 2016, Marcelo Rebelo de Sousa, que tinha estimado gastar 157 mil euros, apresentou despesas de 179.408 euros e receitas de 224.408 euros, dos quais 165.488 euros provenientes da subvenção estatal e 45 mil euros de donativos.
Um ano após a sua eleição, em 24 de janeiro de 2017, o Presidente da República anunciou a decisão de doar os 45 mil euros que sobraram da sua campanha a uma instituição particular de solidariedade social de Cinfães, no distrito de Viseu, e a uma escola de Mogadouro, no distrito de Bragança.
Em setembro do ano passado, quando visitava uma livraria de antiguidades em Nova Iorque, entre raridades de milhares de dólares, Marcelo Rebelo de Sousa começou a fazer as contas a uma eventual campanha de recandidatura.
À conversa com uma das proprietárias, disse: "Eu não gasto muito dinheiro, sabe quanto é que gastei na minha campanha presidencial? Não vai acreditar".
"O equivalente a 180 mil dólares. Não é muito. Da próxima vez, será menos do que isso", acrescentou, perante a comunicação social, para de imediato corrigir: "Não há próxima vez".
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