O chefe de Estado discursava na 25.ª Cimeira Ibero-Americana, em Cartagena das Índias, na Colômbia, na presença do secretário-geral das Nações Unidas designado, António Guterres, que antes também fez uma intervenção, mas que foi fechada à comunicação social.

No início do seu discurso, Marcelo Rebelo de Sousa fez alusão ao processo de paz na Colômbia e disse que em Cartagena se sente "o espírito da paz" e que "esta cimeira decorre sob esse espírito, interno e externo".

Depois, acrescentou que "paz quer dizer diálogo interno e externo, quer dizer tolerância, quer dizer respeito pelos direitos humanos, respeito pela democracia que são realidades fundamentais do espírito ibero-americano".

Em seguida, citou António Guterres: "Como disse muito bem o secretário-geral das Nações Unidas, esse espírito é essencial na afirmação desta comunidade".

O Presidente da República reforçou esta mensagem mais à frente, afirmando que é importante a comunidade ibero-americana "pensar nas empresas" e "pensar o emprego", mas "não esquecer a justiça social", nem "a participação cívica e política" e "não esquecer os valores".

"Os jovens da nossa comunidade são a garantia do nosso futuro, se apostarem na paz, na democracia, no Estado de direito, nos direitos humanos, no humanismo, no respeito da dignidade das pessoas", defendeu.

Marcelo Rebelo de Sousa saudou o "pacto para a juventude", um dos documentos desta cimeira, mas afirmou que não se pode "esquecer a infância".

"No momento em que 59% da população mundial tem menos de 35 anos, dois terços dos ibero-americanos pela primeira vez chegam à universidade, onde não chegaram os seus pais e avós, e metade são mulheres, há aqui um momento de viragem, que é um grande desafio. O desafio é projetar o espírito de Cartagena nas próximas cimeiras, no futuro da comunidade", considerou.

Neste discurso, que durou cerca de seis minutos, o Presidente da República pediu o "fomento das duas línguas desta comunidade", deixando um recado aos países de língua castelhana: "Portugal tem feito o que pode para fomentar a língua mais falada da comunidade, e naturalmente espera que os países irmãos façam o mesmo em relação ao português".

Com António Guterres a ouvi-lo, o chefe de Estado destacou mais uma vez a sua eleição: "Eu salientaria a alegria que é para o mundo ibero-americano, 25 anos depois do termo do mandato de Pérez de Cuéllar, ter um ibero-americano secretário-geral das Nações Unidas".