Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República, concedeu uma entrevista à CNN Portugal, onde abordou vários temas do panorama político português. Falou sobre os problemas do SNS, as escusas de responsabilidade de profissionais de saúde e ainda do primeiro-ministro António Costa, tendo elogiado a sua leitura política.
"Tem-se uma ideia e ele é um mata-borrão. Um bom mata-borrão, porque é rápido", confessou Marcelo Rebelo de Sousa à jornalista Anabela Neves, que apanhou boleia do Presidente da República desde o Palácio de Belém até à Feira de São Mateus, em Viseu.
Ainda sobre política, o presidente diz ter estranhado a distância que a direita manteve em relação a Belém e que foi prontamente aproveitada por António Costa. Foi "um erro que nunca percebeu", conta. "Em vez de colarem em mim, descolaram ostensivamente de mim. E quem é que colava a mim? O primeiro-ministro e o PS", disse o Presidente, que também abordou as escusas de responsabilidade.
“Há casos em que a lei permite [invocar escusa de responsabilidade], mas, em regra, não permite. Sob pena de, em diversas atividades públicas (…) sem encontrar maneira de a pessoa poder invocar realidades objetivas, como a falta de dinheiro, a falta de orgânicas, de estruturas, para não cumprir a sua missão”, salientou Marcelo Rebelo de Sousa.
Eis um pouco do excerto da entrevista:
Marcelo Rebelo de Sousa: Também a direita cometeu um erro que eu nunca percebi. É que os sucessivos líderes de direita, em vez de colarem em mim, descolaram ostensivamente de mim. E quem é que colava a mim? O primeiro-ministro e o PS.
Eu devo dizer que o primeiro que dá alguns sinais de perceber isto é o atual líder do PSD. Percebeu que podia, de alguma maneira, estar ali próximo de alguém que, sem estar a fazer nenhum frete partidário, no entanto, abria espaço.
É o que faz o primeiro-ministro desde sempre. O primeiro-ministro percebe... No início havia eleitorados diferentes. Depois, percebeu que podia cavalgar mais ao centro, beneficiando da proximidade do Presidente. E eu não percebi porque é que o PSD deu de barato, "olhe, este está perdido".
Anabela Neves: Provavelmente foi um erro, pelo que está a dizer.
Não dissolveu o Parlamento e deixa o primeiro-ministro governar.
Vamos ver como isto acaba muito mal para ele e para o primeiro-ministro e tal. Agora vejo que o primeiro-Ministro já perfilou. Ele é muito rápido a sugar as coisas. Tem-se uma ideia e ele é um mata-borrão. Um bom mata-borrão, porque é rápido.
Utilizou uma expressão que eu tinha lançado que é a "bolha político-mediática". Antigamente falava-se em classe política, agora é mais sofisticado.
É a bolha.
Mais importante que a classe política é a bolha mediática.
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