“Não toleraremos que se repita o uso das Forças Armadas ao serviço de interesses pessoais ou de grupo, de jogos de poder, enquanto soldados se batiam como hoje se batem todos os dias no centro de África, no norte, leste e sul da Europa, no Golfo da Guiné, pela pátria e pela humanidade”, declarou.
O Presidente da República e comandante supremo das Forças Armadas discursava na cerimónia militar que assinala os cem anos do armistício da I Guerra Mundial, a 11 de novembro de 1918, na Avenida da Liberdade, em Lisboa.
Depois de depositar uma coroa de flores no monumento aos combatentes da Grande Guerra, durante a qual combateram 111 mil militares portugueses e morreram “mais de oito mil”, Marcelo Rebelo de Sousa invocou os que “combateram pela compreensão contra o ódio”, por uma “Europa aberta contra uma Europa fechada” e disse que há uma lição de há cem anos para aprender.
Por uma “Europa aberta contra a Europa fechada, o mundo solidário contra o mundo dos egoísmos, das xenofobias e exclusões, com abnegação nas trincheiras de França como no Atlântico ou nos desertos de Angola, ou Moçambique”, disse.
“Esses heróis nos convocam a aprender a lição de há cem anos. Não toleraremos que se repita a sangrenta divisão da Europa. Não toleraremos que se repita o perder-se a paz ganha com tantas mortes às mortes de aventureiros criadores de novas guerras”, disse.
O chefe do Estado defendeu que “hoje mais do que nunca” é necessário “afirmar os valores” que identificam Portugal “como nação na relação fraterna com as nações aliadas e amigas”, o primeiro dos quais “é a dignidade da pessoa humana”.
“Hoje mais do que nunca queremos celebrar as Forças Armadas. Sem vós, militares de Portugal, sem o vosso prestígio, sem o respeito e admiração pela vossa missão insubstituível não há liberdade, nem segurança, nem democracia, nem paz que possam vingar”, enalteceu.
O Presidente da República considerou que “quem dentro ou fora de vós isto não entender não entendeu nada do passado, do presente ou do futuro de Portugal”.
Afirmando que as Forças Armadas podem contar com o seu Comandante Supremo, Marcelo Rebelo de Sousa impôs em seguida as condecorações aos Estandartes Nacionais dos três ramos das Forças Armadas com a Ordem Militar da Torre Espada.
Além do Presidente da República, o primeiro-ministro, António Costa, o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, o ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, marcaram presença na cerimónia, e os ex-presidentes da República António Ramalho Eanes e Jorge Sampaio.
A partir do Marquês de Pombal em direção aos Restauradores, o desfile militar reune cerca de 4500 elementos, dos quais 3.437 militares das Forças Armadas, incluindo representações das Forças Nacionais Destacadas, 390 militares da GNR, 390 polícias da PSP e 160 antigos combatentes.
Estão ainda representadas as forças armadas da Alemanha, Estados Unidos da América, França e Reino Unido, com 80 militares, e o Colégio Militar e os Pupilos do Exército, com 180 alunos.
A cerimónia conta ainda com 111 viaturas e motos das forças de segurança, 86 cavalos e 78 viaturas das Forças Armadas. A completar o dispositivo, há uma componente naval, com uma fragata e um navio de patrulha oceânico fundeados no Tejo, e a formação de aeronaves F-16.
[Notícia atualizada às 12h30 - Acrescenta declarações do discurso do Presidente da República]
Comentários