Este ano, o Presidente da República não irá fazer a cerimónia de encerramento da Web Summit. Foi o próprio Marcelo Rebelo de Sousa que o divulgou no discurso de fecho da cerimónia de receção às startups que integram o grupo Road 2 Web Summit que teve lugar esta tarde, em Belém. A razão para esta mudança foi explicada pela deslocação à Guiné Bissau.

"Este ano vou aparecer de forma inesperada e de surpresa na Web Summit", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, "vai ser muito divertido". Pelas palavras do Presidente, ficou subentendido que irá mais do uma vez ao evento: “Vou aparecer de surpresa em vários momentos. Nem ao senhor ministro[da Economia e do Mar que se encontrava presente na cerimónia] vou dizer se não troca-me as voltas”.

Ainda sobre o evento, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que há coisas que precisam de mudar - "tenho umas ideias mas o Governo e a Câmara de Lisboa é que sabem"- , algo que já antevia antes dos acontecimentos recentes que levaram à demissão do fundador da Web Summit, Paddy Cosgrave. "Faço análise há 50 anos, por isso estou muito habitado a antecipar coisas antes delas acontecerem. Às vezes em política é um problema", afirmou.

Sobre a edição deste ano, Marcelo afirmou que está convencido que vai "correr tudo bem". "O que aconteceu só fez com que se falasse mais do evento e só mostrou que o evento é importante".

"[Esta edição] vai correr muito bem. E, digo-vos, ironicamente, o que se passou só aumentou a atenção sobre a Web Summit. É o tipo de publicidade que parece às vezes negativa mas é a melhor publicidade: digam mal de mim, mas falem, ou digam que há pequenos problemas, mas falem", declarou o chefe de Estado. Segundo o Presidente da República, "na balança de poderes no mundo mexer com um ou outro interlocutor, um ou outro protagonista da Web Summit só prova a importância da Web Summit".

No Museu Nacional dos Coches, Marcelo disse às cerca de 100 startups que “é preciso iniciar um novo ciclo. Vocês são os pioneiros do novo ciclo”, e assegurou-lhes que “já são o novo mundo”.

A receção oficial do Presidente da República Portuguesa às startups do Road 2 Web Summit 2023 contou com cerca de 100 startups, muitas delas não portuguesas, que levarão através da iniciativa o seu projeto à edição deste ano. 

A cerimónia contou, na abertura, com a intervenção do diretor executivo da Startup Portugal, António Dias Martins, que apresentou o retrato do ano e as expectativas de futuro. Começou por falar das dificuldades, destacando como a mais significativa a de angariar investimento. "A principal dificuldade apontada pelas startups  foi em angariar capital, nomeadamente privado (menos 50% do que no ano anterior)", afirmou. Daqui também decorreu a necessidade de fazer muitas reestruturações com redução de equipas, em muitos casos, e uma situação de perda de vantagem da Europa face aos Estados Unidos. "A concorrência pelo capital vem via EUA porque lá é possível investir através dos fundos de pensões, o que na Europa não acontece".

Na Web Summit, vai ser apresentado um estudo realizado pela Startup Portugal em parceria com  a Dun&Bradstreet que mostra a dimensão e o impacto do ecossistema em Portugal. Alguns dados adiantados por António Dias Martins apontam para que  as startups que têm integrado as diferentes edições do Road 2 Web Summit paguem salários 30% acima da média nacional, 50% tenham presença internacional e 83% não tenham dívida bancária.

No que respeita às boas notícias, o diretor da Startup Portugal destacou a nova lei das startups, aprovada em maio - "com um regime fiscal para stock options dos mais competitivos da Europa" e os fundos do PRR (90 milhões para startups e 20 milhões para incubadoras).