"O Presidente Nyusi [de Moçambique] deve vir cá para uma cimeira em julho e, portanto, combinámos que ele aí me diz se eu avanço logo a seguir em setembro ou se espero até ao final do ano", disse o chefe de Estado português aos jornalistas à chegada a um concerto solidário para com Moçambique, que decorre esta noite no Cineteatro Capitólio, em Lisboa.

Na quarta-feira, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que gostaria de visitar Moçambique no final do ano para poder testemunhar "a nova fase de reconstrução" depois da passagem do ciclone Idai.

Em declarações à RTP, Marcelo Rebelo de Sousa garantiu que Portugal irá continuar disponível para apoiar Moçambique "na fase seguinte, (...), na fase de reconstrução".

"Eu, assim o Presidente Nyusi venha a concordar comigo e entender que há condições para isso, gostaria de, no final do ano, correspondendo a um convite que já me formulou há vários anos, ir a Moçambique para, nessa nova fase da reconstrução, poder testemunhar o que é o recomeçar da vida de milhares e milhares de irmãos nossos", anunciou na altura.

O Presidente da República chegou ao Capitólio a pé, dirigiu-se à bilheteira e comprou o bilhete para assistir ao concerto solidário.

Depois, aproveitou para comprar também quatro exemplares da edição especial da revista Visão, cujas receitas revertem totalmente para a missão da Cruz Vermelha em Moçambique.

"Fica uma para mim, outra para o meu filho, outra para a minha filha e outra para o meu neto preferido, que é o mais velho", confidenciou o chefe de Estado.

Questionado sobre se sentiu o dever de apoiar esta causa, Marcelo foi taxativo: “Claro, tinha de ser”.

“Temos todos de continuar a dar [a mão a Moçambique], não é só hoje, continuar a dar porque a reconstrução vai demorar muito tempo”, sublinhou.

O Presidente da República advogou que, neste aspeto, “os portugueses são excecionais”.

“Ainda há dias, o Presidente Nyusi, ao agradecer a presença das Forças Armadas, da Proteção Civil, de muitas ONG [organizações não-governamentais], dizia que os portugueses, como sempre, ultrapassam as expectativas e foi o que aconteceu lá e cá”, sustentou.

Relativamente ao problema de existirem dificuldades em fazer chegar os donativos ao destino, o chefe de Estado mostrou-se convicto de que “ali chegam”.

“Está acautelado. Em primeiro lugar porque a Cruz Vermelha tem vindo a canalizar esses donativos, e porque há uma estrutura orgânica, coordenada, lá em Moçambique, que controla cuidadosamente tudo o que entra. As Nações Unidas estão metidas e estão a coordenar tudo o que é público, ONG e privado”, revelou.

Marcelo Rebelo de Sousa rejeitou ainda que problemas com outras campanhas possam colocar em causa a solidariedade dos portugueses e desencorajar donativos para Moçambique.

“Acho que não, porque em relação àquilo que correu mal, eu tenho a esperança que venha a ser apurado o que se passou e o que correu mal. E a Procuradoria-Geral da República já está em cima disso”, considerou.

O número de mortos provocados pelo ciclone Idai e as cheias que se seguiram subiu para 598, anunciaram hoje as autoridades moçambicanas.

O ciclone Idai atingiu a região centro de Moçambique, o Maláui e o Zimbabué em 14 de março.

[Notícia atualizada às 23h42]