Tal como há dez anos, a cerimónia de tomada de posse do novo Chefe de Estado terá a particularidade de dispor na mesa da Assembleia da República três cadeiras de Presidente, mas desta vez conta com uma inédita acreditação: a rádio de Celorico de Basto.

A Constituição original de 1976, datilografada e encadernada a vermelho com letras douradas, será o exemplar da Lei Fundamental usado para Marcelo Rebelo de Sousa jurar cumprir e fazer cumprir.

Toda a Assembleia da República estará mobilizada para o acontecimento, de tal forma que os bares vão abrir mais cedo, pelas 07:30, mas a grande responsabilidade recai na divisão de Protocolo e no gabinete de Relações Públicas, que se regem pelo chamado cerimonial, um guião, com regras e horários discriminados mas que sofre adaptações.

"A base de todas as posses encontra-se escrita há muito tempo, mas é evolutivo. Vamos buscar o cerimonial de há dez anos e adaptar a algumas questões e circunstâncias colocadas no 25 de Abril", contou à Lusa Manuela Azóia, do Protocolo da Assembleia da República.

A cerimónia do 25 de Abril é o grande exercício de cerimonial anual do parlamento e há especificidades importantes da tomada de posse do Presidente que na primeira já existiram e depois caíram em desuso: a sessão de cumprimentos é a mais relevante.

A ordem de precedência de cumprimentos dos convidados está escrita a ‘bold' no cerimonial e foi nesse passo que há cinco anos o então primeiro-ministro José Sócrates protagonizou uma falha de protocolo, ao atrasar-se para ser o primeiro a cumprimentar o Presidente.

O exercício de evolução do guião para quarta-feira que teve de fazer Rita Ferreira, diretora do Gabinete de Relações Internacionais e Protocolo, levou em conta a inexistência de cônjuge do Presidente eleito que vá tomar o lugar da mulher do Presidente cessante, Maria Cavaco Silva.

A questão tem sido muito mediatizada mas no parlamento resume-se a um passo: "O momento em que os dois Presidentes da República trocam de posição. Esse momento não tem reflexo relativamente à tribuna em que está a anterior primeira-dama, porque não há nova primeira-dama para trocar. É a tal adaptação à realidade concreta", contou Rita Ferreira à Lusa.

Particularmente envolvido na cerimónia devido ao grande afluxo de imprensa a querer cobrir o evento é também o Gabinete de Relações Públicas, chefiado por Vítor Pires da Silva, que ainda não dispõe do total de meios de comunicação social acreditados, entre imprensa estrangeira e publicações que normalmente não seguem os trabalhos parlamentares mas estão presentes nesta cerimónia, as chamadas revistas ‘cor-de-rosa’.

Uma coisa é certa, a rádio de Celorico de Basto quis acreditação e os pedidos são em tal volume que justificam que a sala do Senado vá servir como desdobramento da sala das sessões para os jornalistas que não tiverem lugar na bancada de imprensa acompanharem a cerimónia.

Quanto à indumentária a usar, Rita Ferreira é taxativa: "Não há indicação de ‘dress code', confiamos no bom senso de cada um. Do nosso lado, será o mais discreto possível".