"As decisões sobre a Comissão Europeia são do Governo português, e não passam por uma decisão do seu ministro das Finanças", disse hoje à Lusa Mário Centeno, acrescentando que a construção da nova Comissão "é um momento muito importante para a Europa".

"A posição do Governo português tem sido transmitida pelo senhor primeiro-ministro [António Costa], e é exatamente essa que temos", garantiu Centeno.

Questionado sobre se gostaria de ser vice-presidente da Comissão Europeia com a pasta das Finanças, o também presidente do Eurogrupo disse que "o que gosta é de apresentar bons resultados", referindo-se à subida, para positiva, da perspetiva da dívida portuguesa por parte da Moody's, hoje anunciada.

"Confesso que nos deixa obviamente a todos muito orgulhosos de termos cumprido todas as metas orçamentais até aqui, e trazer a economia e o mercado de trabalho em Portugal a este ponto, é genuinamente disso que o ministro das Finanças gosta", garantiu Mário Centeno.

O primeiro-ministro, António Costa, indicou quatro nomes de portugueses, duas mulheres e dois homens, à presidente eleita da Comissão Europeia, a alemã Ursula von der Leyen, para compor o futuro executivo da Comissão e dois deles já foram ouvidos.

Segundo fonte conhecedora do processo, a comunicação a Bruxelas destes quatro candidatos portugueses, “com perfis diversos e, portanto, concorrentes a pastas diferentes”, foi efetuada há mais de três semanas.

“Posso confirmar que Ursula von der Leyen teve vários encontros informais com potenciais candidatos a comissários esta semana, tendo-se reunido com dois candidatos de Portugal”, disse na quinta-feira à agência Lusa o porta-voz da presidente eleita.

Contudo, o gabinete do chefe do Governo português escusou-se a comentar quaisquer nomes envolvidos, nomeadamente os da ex-eurodeputada e atual vice-governadora do Banco de Portugal, Elisa Ferreira, e do eurodeputado e antigo ministro das Infraestruturas, Pedro Marques, apontados na quinta-feira pelo jornal Público como tendo sido indicados por António Costa.

Hoje, o ministro das Finanças respondeu ainda à Lusa sobre a sua recente candidatura à liderança do FMI e da escolha da búlgara Kristalina Georgieva como candidata europeia ao cargo de diretora-geral, dizendo que a postura portuguesa foi a do "consenso".

"Nós participámos numa eleição tentando sempre ser um fator de consenso. Foi esse o objetivo desde o primeiro instante, e portanto eu estive nessa candidatura com esse objetivo. A Europa tinha que apresentar um candidato, e apenas um candidato, foi isso que aconteceu", declarou o também presidente do Eurogrupo.

O ministro das Finanças português e presidente do Eurogrupo, Mário Centeno, parabenizou em 02 de agosto a búlgara Kristalina Georgieva por ter sido escolhida como candidata europeia à liderança do Fundo Monetário Internacional, antes de a sua designação ter sido oficialmente confirmada.