“Com o desaparecimento de Mário Soares, a democracia portuguesa perdeu um dos seus heróis, a Europa um dos seus grandes líderes e a França, que o acolheu no exílio durante a ditadura de Salazar, um amigo de sempre”, indicou um comunicado do Eliseu (sede da Presidência francesa) divulgado poucas horas depois do anúncio da morte do antigo chefe de Estado português.

Na mesma nota, a Presidência francesa lembra o percurso político e o papel de Mário Soares na construção do projeto europeu.

“O combate pela liberdade e pela justiça guiou a sua vida. Teve a coragem de defender o seu ideal social em circunstâncias particularmente difíceis. O seu nome ficará sempre associado à Revolução dos Cravos [25 de abril], mas também à construção europeia, na qual ele foi um dos obreiros mais empenhados”, indicou.

“Primeiro-ministro por duas vezes nas décadas de 1970 e 1980, permitiu a Portugal aderir à comunidade económica europeia (CEE) em 1986. Presidente da República de Portugal durante dez anos, representou com [ex-Presidente francês] François Mitterrand e [ex-chanceler alemão] Helmut Kohl o grande impulso europeu”, prosseguiu o mesmo comunicado.

A relação próxima que Mário Soares manteve ao longo da sua vida com França e a sua repercussão nas relações luso-francesas não foram esquecidas pelo Eliseu: “O seu percurso, os seus combates, a sua relação pessoal com o nosso país lembram-nos a profundidade das ligações que unem França e Portugal”.

Soares viveu no exílio em França, entre 1970 e a Revolução dos Cravos.

A Presidência francesa termina o comunicado com a apresentação de condolências à família e aos mais próximos de Mário Soares, mas também ao povo português.

Mário Soares morreu hoje, aos 92 anos, no Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa, onde estava internado há 26 dias, desde 13 de dezembro.

O Governo decretou três dias de luto nacional, a partir de segunda-feira.

Soares desempenhou os mais altos cargos no país e a sua vida confunde-se com a própria história da democracia portuguesa: combateu a ditadura, foi fundador do PS e Presidente da República.

Nascido a 07 de dezembro de 1924, em Lisboa, Mário Alberto Nobre Lopes Soares foi fundador e primeiro líder do PS, e ministro dos Negócios Estrangeiros após a revolução do 25 de Abril de 1974.

Primeiro-ministro entre 1976 e 1978 e entre 1983 e 1985, foi Soares a pedir a adesão à então Comunidade Económica Europeia (CEE), em 1977, e a assinar o respetivo tratado, em 1985. Em 1986, ganhou as eleições presidenciais e foi Presidente da República durante dois mandatos, até 1996.