De acordo com a agência espanhola Efe, a ministra marroquina da Transição Energética, Leila Benali, confirmou hoje perante a câmara baixa do parlamento de Rabat as consultas para implementar um sistema “duradouro e eficaz” para abastecer Marrocos de gás natural, sem adiantar mais detalhes sobre com que países está a negociar.

A governante indicou que Marrocos está a preparar as suas infraestruturas portuárias para importar gás natural liquefeito (GNL) como uma das formas de compensar o gás que deixará de receber da Argélia, bem como os direitos de passagem, e com o qual produzia cerca de 12% da sua eletricidade.

Leila Benali explicou aos deputados que o seu departamento do Governo lançou um concurso para a construção de uma unidade flutuante de armazenamento e regaseificação do gás natural liquefeito, com o objetivo de responder às necessidades do mercado marroquino, estimadas em 3.000 milhões de metros cúbicos anuais, até 2040.

A ministra assinalou que o concurso despertou o interesse de muitas empresas locais e internacionais, com quem o ministério está a estudar as formas de estruturação e financiamento, bem como as condições do contrato de gás.

O corte do gasoduto por parte da Argélia ocorreu no pico de uma escalada de tensão entre os dois países, que começou este verão com o fecho do espaço aéreo argelino aos aviões marroquinos.

Seguiu-se o fecho do gasoduto que também abastece Portugal e Espanha, bem como a acusação, na semana passada, por parte de Argel a Rabat, de ter sido efetuado um ataque contra camiões argelinos no Saara Ocidental.

Na sua audição parlamentar, a ministra Leila Benali assegurou que a falta do gás argelino – que abastecia as centrais de Tahaddart (em Tânger) e de Ain Beni Mathar (em Oujda, centro) – não perturbou o abastecimento de eletricidade no país.

“Nos últimos dias, a oferta satisfez a procura de energia apesar de as centrais não estarem operacionais, graças à capacidade nacional nominal”, assinalou a ministra da Transição Energética, acrescentando que a baixa procura devido à pandemia também ajudou.

O Gasoduto Magrebe-Europa (GME) tinha uma capacidade de administração anual de mais de 10.000 milhões de metros cúbicos, dos quais Marrocos cobrava uma quota variável de 600 milhões de metros cúbicos, além de uma taxa pelos direitos de passagem do gasoduto pelo seu território.

A Argélia encerrou em 31 de outubro o Gasoduto Magrebe-Europa, após 25 anos em funcionamento, alegando motivos políticos e geoestratégicos, mas prometeu compensar a Península Ibérica aumentando a capacidade do Medgaz e as exportações de gás natural liquefeito por via marítima.

Governantes argelinos e espanhóis anunciaram, na quarta-feira, que as entregas de gás argelino a Portugal e Espanha iam deixar de usar o gasoduto que passa por Marrocos, passando a ser feitas exclusivamente pelo Medgaz, que já serve a Península Ibérica.

A Argélia abriu o Gasoduto Magrebe-Europa (Gaz Maghreb Europe – GME), em 01 de novembro de 1996, uma infraestrutura importante para a sua economia, mas também para a de Marrocos e essencial para Espanha, que, desde a inauguração do troço cordovês, em dezembro daquele mesmo ano, passou a receber 25% do seu suprimento de gás através daquela rota.