“Poderíamos eventualmente tê-lo feito [o reconhecimento do Estado Palestiniano] quando estivemos no Governo. Muito recentemente o ex-ministro [dos Negócios Estrangeiros] João Cravinho acabou por dizer que neste momento já deveria ter acontecido. De alguma forma sinto que foi uma oportunidade perdida, porque pelo menos esse passo poderia ter sido dado”, afirmou.
Marta Temido considerou, porém, que mesmo essa decisão não iria inibir posições divididas entre os 27.
“Mas seria mais um passo que teria sido dado e infelizmente é uma situação extrema em que os pequenos passos também importam”, concluiu em declarações à Lusa, no âmbito de uma formação do Parlamento Europeu para jovens jornalistas que decorreu na sede da agência Lusa, em Lisboa, com quatro eurodeputados.
Nesta ocasião, a antiga ministra da Saúde dirigiu um desafio de juntar vozes europeias, mas também portuguesas e solicitar o reconhecimento do Estado da Palestina e a suspensão do acordo de associação da União Europeia com Israel.
Marta Temido defendeu tratar-se de um “apelo absolutamente necessário” com vista a “pressionar para um cessar-fogo imediato” na região, mas também para que haja ajuda humanitária, ocorra a libertação dos reféns e o “respeito pela ordem internacional seja retomado”.
No final de maio, Espanha e Irlanda - e também a Noruega - reconheceram o Estado da Palestina.
O Governo de Luís Montenegro (PSD/CDS-PP) tem insistido que esta é uma matéria em "permanente avaliação". Em maio, Portugal votou favoravelmente na ONU para que a Palestina seja reconhecida como um membro de pleno direito.
O social-democrata Helder Sousa Silva disse que, a nível pessoal, considera que o reconhecimento do Estado palestiniano “já devia ter acontecido há muito tempo”, acrescentando que "no caso do PSD, não há grande divergência sobre a matéria".
Sobre o acordo UE-Israel, o eurodeputado transmitiu um “posicionamento de princípio de que se houver fundamento” e uma “unanimidade”, a sua suspensão é algo que “não choca” e poderá ser estudado.
O comunista João Oliveira recordou ter já dirigido uma pergunta nesse sentido à Comissão e ao Conselho Europeu sobre as implicações do acordo que “vão muito para lá do espaço de ligação politico-diplomático”, ao incluir relações comerciais ou acesso ao financiamento europeu que acaba por “ajudar empresas israelitas a desenvolver tecnologias de guerra”.
Assim, foi já “adiantado um texto que pode servir de base” a uma posição única dos eurodeputados.
Pelo lado do Bloco de Esquerda, Catarina Martins reafirmou as críticas a Israel, condenando a “duplicidade insuportável” da União Europeia.
“Enquanto é capaz de dizer sobre a Ucrânia, e bem, que a Ucrânia tem direito ao seu território e autodeterminação e condenar, e bem, a Rússia e a sua invasão, fica calada em relação a Israel e ao genocídio que está a acontecer aos nossos olhos e a ser feito também com o dinheiro dos europeus”, argumentou.
A bloquista recordou que a Europa é o “maior parceiro comercial de Israel” por causa do acordo de associação, que não sofreu qualquer sanção e “não há sequer embargo de armas”.
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