Paula Sousa, educadora social e delegada sindical, responsável por convocar o protesto, juntamente com o Sindicato de Trabalhos de Saúde, Solidariedade e Serviço Social (STSSSS), disse que os serviços “vão definhando”, mas que “os idosos têm de ter o seu devido tempo e dignidade”, tal como os trabalhadores, explicando que estes são “ameaçados indiretamente”.
“A direção já colocou por duas vezes a hipótese de despedimento coletivo, porque dizem que não vão conseguir comportar o pagamento, na totalidade, de todos os funcionários. Temos falta de pessoal na terceira idade e ele fala de despedimentos coletivos”, disse.
O presidente do CSBL, Francisco Araújo, revelou esta semana ter “herdado”, da direção anterior, uma dívida de 500 mil euros, mas Paula Sousa diz que há “uma dívida de 300 mil euros à Segurança Social”, existente desde o mandato anterior do atual presidente.
“O presidente atual já cá esteve 13 anos, portanto isto não é de agora. Só que antigamente dava para tirar de uns sítios e por noutros, mas agora infelizmente o cerco apertou por toda a gente e está tudo às claras. Não há hipótese de tirar nuns sítios e pôr noutros. [A anterior direção] que esteve cá três anos era impossível estragarem um trabalho de 20 anos. A má gestão, as dívidas e os problemas não são de agora, estão é pior”, declarou.
Karina Santos é funcionária de lar há 16 anos e marcou presença no protesto por ser “complicado” viver sem os subsídios, devido ao baixo salário, para além de que “agora estão a pagar os feriados a 50%, retiraram o subsídio de alimentação” e a alimentação para o centro “está do pior que pode haver”, porque o que “compram é para poupar dinheiro”.
“Os idosos foram todos aumentados [no pagamento] e cada vez há menos dinheiro para nos pagarem, além de sofrermos represálias. Somos apelidadas de ignorantes, burras, estúpidas, só que agora as estúpidas e burras acordaram e perceberam, com ajuda de algumas pessoas, que as coisas não podem funcionar assim. [O presidente do CSLB] mal entrou no mandato disse que não ia pagar subsídios a ninguém porque as dívidas ficaram da anterior direção. O certo é que antes da anterior direção, era esta direção que estava e as dividas já vinham daí”, referiu.
Maria Sousa entrou como empregada de limpeza em 2015, passando depois para a cozinha, com o objetivo de substituir duas funcionárias que estavam de baixa, tendo-lhe sido prometido um contrato fixo quando as colegas regressassem, mas apenas oito meses depois foi “mandada embora”, sem ter direito a fundo de desemprego, porque, segundo o que lhe contaram na Segurança Social, apenas descontou dois meses.
“Só estive aqui oito meses, depois puseram-me daqui para fora. Tentei saber os direitos que tinha, fui ao centro de emprego e não tinha direito ao fundo de desemprego. Fui à Segurança Social e disseram-me que não tinha os descontos em dia, fizeram-me andar de um lado para o outro sem receber nada, e no fim fiquei sem fundo de desemprego. Ainda não sei se tenho os descontos todos feitos ou não”, contou.
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