"O que estamos a fazer é criar um mecanismo de defesa na margem oposta [àquela onde foi identificado o deslizamento de terras], criar ali um mecanismo de defesa, de resistência, através de pedra, através de tela e de `bigbags´ [sacos] de areia. Que já estão no terreno, já estamos a começar a por alguns", disse aos jornalistas Carlos Luís Tavares, Comandante Operacional Distrital (CODIS) de Coimbra.
A intervenção pretende defender a margem direita do leito periférico do rio que, se romper, a exemplo do sucedido nas cheias de 2001, poderá levar a água a invadir a vila de Montemor-o-Velho e a povoação da Ereira, a jusante daquela.
Em conferência de imprensa, Carlos Luís Tavares reafirmou a existência de uma situação de aluimento do talude da margem esquerda do leito periférico direito do rio Mondego, um aluimento de terra que está a "preocupar" as autoridades.
O CODIS de Coimbra aludiu ainda a "outra escorrência", a jusante de Montemor-o-Velho, Referindo, no entanto, que esta "não é tão preocupante".
Ambas as situações estarão a ocorrer por pressão da água que saiu do leito principal do rio e se espalhou pelo vale central de terrenos agrícolas, estando a pressionar a margem esquerda do leito periférico direito que corre mais perto da sede de concelho.
"O único problema é que aquelas águas que estão retidas nos campos agrícolas podem romper [o dique] e passar para o periférico direito que vai conduzi-las novamente ao leito [principal] do rio. Mas se fragilizar a margem direita, podemos ter problemas em Montemor, tal como previmos, e na Ereira", frisou o responsável operacional.
A zona onde foi detetada o aluimento de terras situa-se algumas centenas de metros a jusante da povoação de Casal Novo do Rio - cuja parte baixa fica situada em frente ao talude direito do leito periférico - não é acessível por meios terrestres e terá uma profundidade de cerca de 10 metros.
A Câmara Municipal de Montemor-o-Velho emitiu ao final da tarde de hoje um aviso de evacuação da zona baixa da localidade, por perigo de "rotura iminente" do dique, o que ainda não se verificou.
No vale central do Mondego, a água que está a entrar na abertura do dique que colapsou no sábado, junto a Formoselha, está a canalizar 400 a 500 metros cúbicos por segundo (m3/s) para a zona agrícola, que agora pressiona este leito periférico direito.
Ainda de acordo com Carlos Luís Tavares, o dispositivo operacional presente no município de Montemor-o-Velho cifra-se em cerca de uma centena de operacionais, entre os quais bombeiros locais e de um grupo de reforço do distrito de Leiria, uma equipa dos Fuzileiros da Marinha, Força Especial de Bombeiros e funcionários camarários e da Proteção Civil Municipal.
Comentários