“Estamos um bocado no improviso e sabemos que não estamos a atuar de maneira correta face a esta guerra de contágio”, afirmou Maria Augusta Portas, em declarações à agência Lusa.
Segundo a responsável, nos cuidados de saúde primários não existem “equipamentos de proteção individual”, conhecidos como “pijamas hospitalares”, e os que os médicos estão a usar trouxeram de casa e lavam-nos todos os dias “na máquina em programas de alta temperatura”, porque “não há esterilização”.
Os clínicos, referiu a presidente da sub-região de Évora da OM, também estão a vestir as batas protetoras, mas estas “são as que as senhoras usam no planeamento familiar”.
“As máscaras são cirúrgicas e não são as indicadas para este tipo de contágio”, realçou, indicando que, para além disso, também estão a ser “racionadas”, porque os médicos só têm “uma por dia, quando deviam ser mudadas várias vezes ao dia”.
“Transformámos todos os gabinetes de consulta em espaços de isolamento para quando surgir um caso suspeito metermos a pessoa nesse local e só falamos por telefone, porque só temos dois fatos indicados para o contacto com um doente infetado”, acrescentou.
Maria Augusta Portas notou que o relato dos colegas do Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE) “é exatamente o mesmo”, uma vez que também estes profissionais “só têm mascaras cirúrgicas e têm fatos e equipamentos desadequados”.
A médica contou que no seu centro de saúde estão a fazer “trabalho social”, nomeadamente a “contactar os utentes por telefone para lhes pedir que não se desloquem aos serviços de saúde, mas também a fazer um levantamento das redes de cuidadores informais para o caso de ser necessário e a transmitir normas de isolamento”.
Numa informação divulgada hoje, o hospital de Évora garantiu que, nesta fase, “dispõe de equipamentos de proteção individual”, mas admitiu “o contexto de uma utilização racional”.
Nesse sentido, o hospital sublinhou que “qualquer contributo será bem-vindo, nomeadamente máscaras e outros dispositivos de proteção individual certificados”.
O Alentejo registou os primeiros dois casos de Covid-19, segundo o boletim hoje divulgado pela Direção-Geral da Saúde (DGS), que indica que mais de 85% dos doentes estão a recuperar em casa.
Os dois casos de Covid-19 no Alentejo foram confirmados na terça-feira e são de pessoas que contraíram a infeção fora da região, segundo revelou hoje a Autoridade Regional de Saúde.
De acordo com os dados da DGS, das 642 pessoas infetadas com o novo coronavírus em Portugal, 89 estão internados e 553 estão a recuperar em casa. No entanto, este número baseia-se na confirmação de três casos positivos nos Açores, mas a Autoridade de Saúde Regional, contactada pela Lusa, sublinhou serem dois os casos positivos na região e adiantou estar em contactos para se corrigir a informação avançada pela DGS, baixando assim para 641
Há 4.074 casos em que o teste deu negativo e 351 casos a aguardar resultado laboratorial.
O boletim da DGS indica ainda que desde o dia 01 de janeiro foram registados 5.067 casos suspeitos.
Portugal regista duas vítimas mortais da doença e três doentes já recuperados.
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