A presidente da FNAM adiantou à agência Lusa que, nos cuidados de saúde primários, a adesão dos médicos neste segundo e último dia da paralisação oscila entre os 85% e os 90%, com “muitos centros de saúde a 100%”.

Em relação aos hospitais, Joana Bordalo e Sá avançou que hoje a “adesão aumentou globalmente”, estando com níveis idênticos aos registados nos centros de saúde, mas com os blocos operatórios “quase todos a funcionar apenas com serviços mínimos, especialmente na área da ginecologia e obstetrícia”.

As consultas externas e as cirurgias programadas têm sido os serviços mais afetados por esta greve, referiu a dirigente sindical, que reconheceu ainda o transtorno provocado aos doentes ao longo dos dois dias de paralisação.

“Percebemos isso, mas acho que os doentes e utentes estão solidários connosco, porque isso também é uma luta para eles e por eles”, alegou Joana Bordalo e Sá.

Segundo disse, a FNAM ficaria satisfeita se, em consequência da greve, o Ministério da Saúde “mudasse de estratégia” já na próxima reunião agendada para 16 de março, no sentido de tornar as negociações entre as duas partes “mais céleres e mais sérias”.

“A adesão demonstra que os médicos estão extremamente descontentes, mas também extremamente unidos na defesa dos seus direitos laborais, na luta por um salário melhor e por um Serviço Nacional de Saúde (SNS) onde querem ficar”, salientou Joana Bordalo e Sá.

Os médicos iniciaram na quarta-feira uma greve de dois dias para exigir a valorização da carreira e das tabelas salariais, numa altura em que sindicatos e Governo estão em negociações, mas ainda sem acordo após várias reuniões inconclusivas.

Esta greve foi convocada pelos sindicatos que integram a FNAM, mas não contou com o apoio do Sindicato Independente do Médicos (SIM), que se demarcou do protesto, alegando que não se justifica enquanto decorrem negociações com o Governo.

O protocolo negocial estabelecido entre as duas partes prevê que as negociações decorram até junho, mas os dois sindicatos têm exigido medidas estruturais urgentes e melhores condições de trabalho para permitir fixar e captar mais médicos para o SNS.

Entre as reivindicações da FNAM consta a renegociação da carreira médica e da respetiva grelha salarial, que inclua um horário base de 35 horas, a dedicação exclusiva opcional e majorada e a consideração do internato médico como primeiro grau da carreira.

A estrutura sindical pretende também a revisão das normas de organização e disciplina do trabalho médico, a reposição dos 25 dias úteis de férias por ano e dos cinco dias suplementares, quando forem gozados fora da época alta, assim como a redução do tempo normal de trabalho no serviço de urgência das 18 para as 12 horas.

Na quarta-feira, o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, afirmou que respeita “em absoluto” a greve dos médicos e que a disponibilidade para continuar a negociar com os sindicatos “é total”.

“A intenção do Governo é negociar de boa-fé com os sindicatos dos médicos, como temos feito com os sindicatos das outras carreiras profissionais do SNS”, afirmou Manuel Pizarro em resposta às questões levantadas por deputados na Comissão de Saúde, onde foi ouvido por requerimento do Chega e do PCP sobre as urgências.