O apelo consta numa carta dirigida à presidente do Conselho de Administração do Hospital Dr. Fernando Fonseca (HFF), assinada pelos 10 médicos da equipa A do Serviço de Urgência Central (SUG), divulgada hoje pelo Sindicato Independente dos Médicos (SIM).

Na carta, os médicos consideram que “eventuais atritos e divergências de opiniões de gestão não deverão pôr em causa a excelência clínica” do chefe do serviço, Hugo Martins, e “a extrema necessidade da equipa e do SUG da continuidade dos seus cuidados enquanto prestador de serviços”.

A saída do chefe do serviço de urgência foi divulgada na sexta-feira à agência Lusa pelo SIM, que acusou a administração do hospital de despedir o médico, acusação refutada pela instituição, que disse que o especialista tinha apresentado em dezembro de 2022 um pedido de demissão das funções de Direção do Serviço de Urgência, cargo que exercia em regime de comissão de serviço desde 1 de outubro de 2022.

Na carta, entregue hoje ao Conselho de Administração, os médicos manifestam a sua “consternação e espanto” perante o facto de deixarem de poder contar com “um elemento essencial e central” da sua equipa, “pela não renovação do seu contrato de prestação de serviços”.

“Esta decisão, que tanto nos custa a compreender e a aceitar, agrava de forma imensurável a qualidade assistencial do SUG, a qual, como já foi previamente referido à direção clínica, se encontra numa situação crítica, afetando de forma particular a nossa equipa”, salientam.

Os médicos referem ainda que a equipa conta atualmente com uma assistente hospitalar graduada, três assistentes hospitalares, quatro internos de formação específica e dois de formação geral que iniciaram agora a prática clínica, o que consideram ser “claramente insuficiente para assegurar um SUG onde acorrem cerca de 300 doentes por dia”.

Advertem que a ausência do médico terá “danos nefastos a curto e longo prazo” e alertam para o momento que se vive, de “extrema preocupação e desmotivação”, transversal a “todos os elementos” que assinam a carta.

“Apelamos a que reconsiderem a decisão, pelo bem do cuidado aos doentes, bem como pelo desempenho dos vossos colaboradores, que temos como seguro ser a vossa principal preocupação e motivação”, afirmam na carta.

Em declarações hoje à Lusa, o secretário-geral do SIM apelou ao ministro da Saúde, a quem vai dar conhecimento da carta, para que tome “as devidas providências” sobre esta situação “lamentável”.

“Ainda este fim de semana o hospital esteve em constrangimento na sua urgência geral e a sua presidente mantém uma atitude perfeitamente inqualificável de negar a evidência”, disse, elucidando que estão cerca de 120 doentes internados num serviço de observação, porque os serviços não conseguem interná-los.

Apesar disso, vincou, “despedem um prestador (…) pela simples razão de, como chefe de equipa de urgência, ter alertado para as dificuldades do problema”.

Roque da Cunha solidarizou-se com os colegas e exige que a presidente do Conselho Administração “reponha a verdade”.

“Não adianta ocultar o problema, porque com isso está a prejudicar, não só as pessoas que recorrem ao serviço de urgência, esperam horas infindas para serem atendidas, mas também os médicos que estão a trabalhar, que com isto não têm qualquer incentivo para lá continuarem, nem muito menos cria condições de atração para mais médicos”, rematou.

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