O périplo realiza-se num momento em que a administração do Presidente norte-americano, Donald Trump, tenta contrariar o crescente interesse da China no continente.

A viagem ocorre também num período em que Washington avalia a possibilidade de reduzir a sua presença na região do Sahel, que tem sido afetada por ataques de extremistas associados à al-Qaida e ao grupo Estado Islâmico, que provocaram centenas de mortos no último ano.

Em 2019, Pompeo referiu que o Sahel deveria ser foco de uma coligação global contra o Estado Islâmico.

Uma outra decisão que manifestou preocupação em África foi o anúncio de Trump, em janeiro, de que iria deixar de emitir vistos de imigrantes a cidadãos da Nigéria, o país mais populoso de África, com uma população estimada de 200 milhões.

As restrições foram também aplicadas à Eritreia, à Tanzânia e ao Sudão.

A administração de Trump não é vista com bons olhos por alguns líderes africanos, que rejeitam o que dizem ser uma narrativa de exclusividade entre EUA, China ou Rússia, além dos comentários depreciativos feitos pelo chefe de Estado norte-americano.

Durante a viagem, Pompeo vai reunir-se com líderes e empresários dos países que visitará.

O Senegal será a primeira paragem do secretário de Estado norte-americano, com o objetivo de solidificar as ligações ao único país do Sahel Ocidental que não tem registo regular de ataques extremistas, que têm atingido Mali, Burkina Faso e Níger.

O Exército dos EUA realiza este mês os exercícios Flintlock no Senegal e na vizinha Mauritânia, uma iniciativa que pretende apoiar o treino de exércitos regionais no combate ao terrorismo.

Ainda assim, o interesse militar norte-americano pode estar a diminuir. Segundo um recente relatório do inspetor-geral do Pentágono – o Departamento de Defesa -, no ano passado, os EUA tentaram apenas conter os grupos extremistas no Sahel, em vez de os enfraquecerem.

Da mesma forma, os militares norte-americanos em África têm sido substituídos por instrutores militares, uma medida que levou responsáveis franceses a pedirem aos EUA para não reduzirem a sua presença na região, que conta a maior operação militar internacional das Forças Armadas de França.

Um responsável do Departamento de Estado citado pela Associated Press, que falou sob anonimato, referiu que o tema militar não está incluído na visita de Pompeo.

“Um número absurdo de programas de segurança que conduzimos no Sahel são na realidade pagos por fundos do Departamento de Estado dos EUA”, referiu, acrescentando: “Nós definitivamente planeamos continuar com estes programas”.

Após a visita ao Senegal, Pompeo segue para Angola, considerado pela administração como um país com grande potencial para parceria económica duradoura.

Em agosto do ano passado, e após uma reunião com o ministro das Relações Exteriores de Angola, Manuel Augusto, o secretário adjunto norte-americano, Matthew Harrington, considerou que as relações com Angola estão num “ponto de viragem muito diferente do passado”.

A visita de Pompeo termina na Etiópia, a segunda nação mais populosa do continente, com mais de 100 milhões de pessoas, e cuja capital acolhe a sede da União Africana.

A Etiópia, um importante parceiro dos EUA na região do Corno de África, tem sido alvo de várias reformas políticas e sociais conduzidas pelo primeiro-ministro, o Prémio Nobel da Paz Abiy Ahmed.

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