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A ministra da Saúde, Marta Temido, fez um ponto de situação sobre a pandemia de covid-19 e da presença da variante Ómicron em Portugal. Recorde aqui os principais pontos da conferência de imprensa.
- A ministra começou por dizer que, o final de novembro, face a um crescimento do nível de transmissão, o governo adotou medidas preventivas no país: utilização de máscaras, intensificação de testagem e esforço na vacinação;
- Apesar de "o esforço de todos estar a resultar", há uma "nova dificuldade": a variante Ómicron. Há 69 casos confirmados até ao momento em Portugal. A prevalência desta variante ronda já os 20% e pode chegar aos 50% na semana do Natal, atingindo os 80% na semana do final do ano;
- Marta Temido lembrou que "ainda sabemos pouco sobre esta variante", mas alguns pontos já são conhecidos: é mais transmissível do que a variante Delta; há uma aparente menor gravidade da doença e consequente letalidade; duplicação de casos a cada dois dias; há uma aparente efetividade vacinal, estimada em 70 a 75%, ou seja, "as vacinas ainda a fazer o seu trabalho protetor";
- "Se a variante se transmite mais, cada um tem de fazer mais: mais uso de máscara, mais testes, mais vacinação, mais controlo de fronteiras, todos temos de estar preparados para fazer mais", alertou;
- "É um momento em que todos somos postos à prova", lembrou Marta Temido, explicando que era sabido que poderíamos lidar com uma nova variante, pelo que é preciso trabalhar tendo em base as "lições aprendidas" até agora, entre elas a questão da vacinação, a utilização de máscaras, a testagem e o devido distanciamento necessário para evitar a propagação do vírus — em especial nesta época festiva, como já hoje referido pela DGS;
- A ministra sublinhou ainda que o período de contenção (entre 2 e 9 de janeiro) definido pelo Governo "não pode ser visto como uma compensação, mas como um reforço do que todos somos chamados a fazer daqui até lá";
- Sobre a utilização obrigatória de máscara, Marta Temido disse que neste momento o Governo tem a "opção de a expandir", mas que para já se mantém em "espaços fechados e não arejados", embora seja recomendável no exterior em casos com aglomerados;
- Relativamente ao sistema de saúde, a ministra apontou que este "começa a ressentir-se" em termos de inquéritos e testagem, mas que os "cuidados hospitalares ainda estão com níveis estáveis", embora esteja previsto um "agravamento", que os hospitais estão a preparar. A título de exemplo, o Hospital de São João, no Porto, tem já uma zona de contentores a funcionar para apoio hospitalar e as administrações regionais de saúde já fizeram "38 acordos para encaminhamento de utentes covid e não covid" com outras unidades de cuidados hospitalares;
- Por sua vez, Baltazar Nunes, do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), lembrou que a expressão da Ómicron a nível de hospitalizações "é ainda uma grande incógnita", mas que depende da gravidade da infeção face à variante Delta e à efetividade das vacinas;
- Assim, se a vacina "não tiver a performance desejada", pode ser necessário adotar outras medidas. Mas se a vacinação de reforço tiver efetividade, "as hospitalizações poderão manter-se abaixo dos limiares de alerta ou ligeiramente acima", apesar do aumento dos casos;
- Quanto à transmissibilidade, foi referido por João Paulo Gomes, também presente na conferência, que esta se deve medir pelo número de infetados que a variante causa e não por "critérios laboratoriais". Assim, olhando para os dados epidemiológicos, a Ómicron é "muito mais transmissível" do que qualquer outra;
- Numa semana, a Ómicron deve ser a variante dominante no país, segundo as estimativas. Os dados portugueses estão em acordo com os de outros países, como o Reino Unido e a Dinamarca;
- João Paulo Gomes referiu ainda que a maior transmissibilidade está relaciona com as mutações que a Ómicron apresenta, que "afetam a ligação aos anticorpos", o que pode significar que quem tem defesas contra as anteriores variantes seja afetado por esta;
- Quanto aos testes para detetar a covid-19, "qualquer teste existente" tem eficácia contra a variante Ómicron, sendo assim "perfeitamente efetivos";
- Sobre os grupos de vacinação, Marta Temido apontou que, para já, vão continuar a ser vacinadas as crianças, assim como administradas as doses de reforço nos mais de 60 anos, assim como nos mais de 50 com Janssen;
- A ministra disse ainda pode vir a ser alargado "o número de testes que o Governo disponibiliza por indivíduo", face à maior procura e à situação da variante Ómicron. A medida pode avançar na próxima semana, mas a ministra não adiantou um número (atualmente, são considerados quatro testes);
- Foi ainda referido que, neste momento, o Infarmed tem "sinalizado o interesse do país em todos os medicamentos aprovados para o combate à covid-19";
- Quanto ao certificado de vacinação, este vai continuar a ser válido com as duas doses (ou uma, no caso da Janssen), mas "a seu tempo podem ser consideradas outras decisões".
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