“Aos que me pedem respostas a ofensas, esclareço: não respondo a criminosos, presos ou soltos. Algumas pessoas só merecem ser ignoradas”, escreveu o antigo magistrado na rede social Twitter, no dia seguinte à libertação de Lula da Silva.
A mensagem de Moro foi publicada cerca de uma hora depois do antigo Presidente brasileiro se ter referido ao ministro da Justiça como “canalha”, num discurso feito para milhares de apoiantes em São Bernardo do Campo, no estado de São Paulo.
“Muitos de vocês não queriam que eu fosse preso, eu tive de vos persuadir a entender o papel que eu tinha de cumprir. Vou repetir o que disse naquele dia [da prisão]: quando um ser humano, tem clareza do que quer na vida, do que representa e tem a certeza do que os seus acusadores estão a mentir, então decidi entregar-me na Polícia Federal naquele dia”, declarou Lula da Silva.
“Eu podia ter ido para uma embaixada, a outro país, mas fui para lá, para provar que o juiz Moro era um canalha que me estava a julgar, para provar que o procurador Deltan Dallagnol não representa o Ministério Público, que é uma instituição pública, montou uma quadrilha com a Lava Jato”, acrescentou.
Lula da Silva falava para milhares de apoiantes, que o aguardavam na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, rodeado de aliados, como o ex-candidato pelo Partido dos Trabalhadores (PT) às presidenciais do ano passado, Fernando Haddad, pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann, o líder do PT na Câmara dos Deputados, Paulo Pimenta, e pela sua namorada, Rosângela Silva.
“Cá estou eu, livre como um passarinho, durmo toda a noite, com a consciência tranquila dos homens justos e honestos. Duvido que o Moro e Dallagnol durmam tranquilos como eu. Duvido que Bolsonaro [atual Presidente] durma com a consciência tranquila como eu, que o ministro Guedes [da Economia], destruidor de sonhos e de empregos, durma de consciência tranquila”, declarou Lula da Silva.
O ex-chefe de Estado disse que Jair Bolsonaro confessou publicamente ter sido eleito por causa de Sergio Moro, que foi o principal juiz da operação Lava Jato, maior operação contra a corrupção no Brasil, e o responsável pela primeira condenação de Lula da Silva.
Luiz Inácio Lula da Silva, que governou o Brasil entre 2003 e 2010, viu a sua libertação decidida por um juiz em menos de 24 horas após uma decisão do STF, na quinta-feira, ter alterado a jurisprudência e proibir a prisão após condenação em segunda instância dos réus que recorrem para tribunais superiores.
O histórico líder do Partido dos Trabalhadores (PT) foi preso após ter sido condenado em segunda instância pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4), num processo sobre a posse de um apartamento, que os procuradores alegam ter-lhe sido dado como suborno em troca de vantagens em contratos com a estatal petrolífera Petrobras pela construtora OAS.
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