“Devemos reconhecer que, em pleno século XXI, permanecem ainda profundamente enraizados elementos de resistência à concretização dos direitos humanos em Portugal. A Defesa Nacional não é exceção”, afirmou.
O ministro discursava numa cerimónia no Museu de Marinha, em Lisboa, destinada a assinalar o Dia Internacional da Mulher e na qual foram condecoradas com a medalha da Defesa Nacional, de 1.ª classe, as primeiras enfermeiras paraquedistas incorporadas nas Forças Armadas em 1961, que ficaram conhecidas como “as seis Marias”.
“Numa época em que a sociedade portuguesa era extremamente conservadora, entraram no mundo exclusivamente masculino das Forças Armadas e vestiram o uniforme militar que até então era reservado aos homens”, destacou o ministro, considerando que são “exemplos importantes para as mulheres”.
Quanto à participação das mulheres hoje, representando 10% do total de efetivos, o ministro sublinhou que os números atuais evidenciam que o recrutamento de mais mulheres “é um desafio” em Portugal e deu o exemplo da Eslovénia em que “há uma mulher como Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas”.
“Algum dia em Portugal lá chegaremos”, disse, acrescentando que o objetivo de ter mais mulheres militares “é em primeiro lugar um contributo para umas Forças Armadas mais preparadas e mais competentes”.
O ministro disse que já “atribuiu aos três chefes dos ramos a responsabilidade de melhorar o nível quantitativo de recrutamento de mulheres” e destacou algumas das medidas que integram o “plano setorial” para a promoção da igualdade, com metas a cumprir até 2021.
A criação da figura do “conselheiro de género” junto dos chefes dos ramos militares, de um “código de boa conduta para a prevenção e combate ao assédio nos locais de trabalho” e de um “guia da profissão militar” foram algumas das medidas anunciadas.
A utilização de “linguagem não discriminatória nos documentos e discursos oficiais”, a criação de gabinetes de igualdade nas Forças Armadas no Ministério da Defesa e a realização de um estudo sobre as dificuldades de incorporação e retenção de mulheres na instituição militar são outras medidas contidas no plano setorial.
“A atratividade de uma carreira na Defesa Nacional, no nosso entender, passa pelo cuidado com que aqueles que a integram, homens e mulheres, e insuficiente atenção tem sido dedicado até agora às especificidades das mulheres”, considerou o ministro.
As enfermeiras paraquedistas Maria Arminda Santos, de 81 anos, a única a estar presente na cerimónia, Maria do Céu Vidigal, Maria Ivone Quintino e Maria de Lourdes Rodrigues e, a título póstumo, Maria Zulmira André e Maria Nazaré de Mascarenhas e Andrade, foram as “pioneiras da Defesa Nacional” hoje condecoradas.
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