“Obviamente não tive conhecimento dessa alegada discrepância”, referiu José Azeredo Lopes, em resposta ao deputado do PSD Pedro Roque, numa audição na comissão parlamentar de Defesa Nacional.
O ministro da Defesa sustentou que “o bom senso político obriga” a que se espere “calmamente que essa aclaração venha a verificar-se, ou seja, que se venha a saber e, se sim, porque é que se se verifica uma alegada discrepância quanto àquilo que foi recuperado”.
O deputado do PSD Pedro Roque referiu-se a notícias do jornal Expresso, no sábado, dizendo que “continua a monte e à solta” material furtado em Tancos, em junho do ano passado, que “aparentemente todos julgavam” que tinha sido recuperado, já que em outubro foi divulgado que o material foi encontrado "à exceção de munições de 9 mm".
“Não é aceitável que, durante este tempo, o Governo continue aos papéis sem perceber bem o que se passou. A ação do ministro continua a ser vista com ligeireza, de modo algo descuidado e até com sobranceria”, acusou Pedro Roque.
Pedro Roque questionou ainda se, a confirmar-se que há mais material militar “à solta” do que aquele que foi em outubro divulgado – as munições de 9mm – o ministro da Defesa irá “extrair responsabilidades políticas” ou se pedirá “responsabilidades operacionais”.
Azeredo Lopes recusou que tenha alguma vez divulgado que material foi encontrado, frisando que “assentou” aquilo que lhe foi transmitido pela Polícia Judiciária Militar (PJM), em outubro, e que salientou como positivo a recuperação desse material.
“Declarações que evidentemente não manterei caso o Ministério Público vier a confirmar” aquilo que o Expresso noticiou no sábado, acrescentou Azeredo Lopes, sublinhando que a investigação decorre sob a alçada do Ministério Público.
Quanto a eventuais conflitos entre a PJM e a Polícia Judiciária na investigação em curso, Azeredo Lopes não quis comentar para “não incendiar” a questão e porque “quem tem de aclarar a existência desses conflitos e quem conduz a investigação é o Ministério Público”.
“O ministro recebe as informações que quem conduz investigação entende” fornecer, disse.
Ainda sobre “alegadas discrepâncias” quanto à quantidade de material recuperado, Azeredo Lopes reiterou que não foi informado: "Mas, não fui porque quem conduz a investigação entendeu provavelmente que está em segredo de justiça”.
No final da audição, em declarações aos jornalistas, PSD e CDS-PP reafirmaram que está em aberto a possibilidade de ser requerida uma comissão de inquérito sobre o furto de Tancos.
Pedro Roque frisou ainda que os acórdãos do Ministério Público citados no Expresso dando conta de mais material em falta além das munições de pistola, como por exemplo granadas, “são públicos” e que não estão em segredo de justiça.
Para João Rebelo, do CDS-PP, "o ministro da Defesa parece que não quer ser informado, tem raiva de quem está informado e descarta sempre as suas responsabilidades, hoje na Polícia Judiciária Militar".
"Ainda ninguém conseguiu perceber o que foi furtado passado um ano, isto é gravíssimo, é pantanoso", disse, afirmando que "mantém em aberto" todas as possibilidades, incluindo um pedido de constituição de uma comissão de inquérito parlamentar.
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