"O globalismo [globalização] tem hoje três instrumentos. Um é a ideologia das mudanças climáticas, outra é a ideologia de género e a terceira, a oikofobia, o ódio à sua própria nação", disse o ministro brasileiro num evento do grupo conservador Heritage Foundation, esta quarta-feira.

"O ponto principal da ditadura do clima (...) é o fim do debate político normal (...) Como alguém em tempos de paz pode sonhar em quebrar a soberania de um país como o Brasil dizendo que a Amazónia está em chamas? De novo, por causa de ideologia, dessa reclamação de crise climática", acrescentou.

Segundo Araújo, o debate atual sobre mudanças climáticas seria exagerado porque "parece que o mundo está morrendo" e que os defensores de teses que ele classifica de ideologia climática "querem criar um equivalente moral para a guerra, a fim de impor políticas e restrições que vão contra as liberdades fundamentais".

O ministro brasileiro reconheceu a existência das mudanças climáticas, mas questionou o maior consenso científico sobre a responsabilidade das atividades humanas nesse fenómeno.

"Existe mudança climática? Sim, sempre houve. É devido à ação humana? Não está claro. É catastrófico? Parece que não", disse ele.

Na visão do representante do Governo brasileiro, as vitórias eleitorais de Donald Trump, nos EUA, de Jair Bolsonaro, no Brasil, e a saída do Reino Unido da União Europeia ('Brexit') são elementos comuns de uma "insurgência" popular contra as "bobagens" do globalismo e a ditadura das mudanças climáticas.

"Trump, Bolsonaro e o 'Brexit' fazem parte de um processo global. Faz parte da mesma insurgência contra o absurdo", afirmou.

Araújo também garantiu que os incêndios dentro da floresta amazónica permanecem dentro da "média histórica" e lamentou que "as mudanças climáticas tenham sido capturadas por interesses políticos" para atacar o Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro.

O Governo brasileiro foi fortemente questionado nas últimas semanas pela comunidade internacional por causa do ressurgimento de grandes ações de desflorestação e incêndios na Amazónia dentro do território do país.

Segundo dados oficiais provisórios, a destruição da floresta amazónica no Brasil praticamente dobrou entre janeiro e agosto de 2019 face ao mesmo período de 2018.

O Brasil registou 4.935 focos de queimadas na Amazónia brasileira nos oito primeiros dias de setembro, informou o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que revela que desde o início do ano os incêndios aumentaram 47%.

A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo e possui a maior biodiversidade registada numa área do planeta. Tem cerca de 5,5 milhões de quilómetros quadrados e inclui territórios do Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa (pertencente à França).

O Inpe anunciou este domingo que a desflorestação da Amazónia aumentou 222% em agosto, em relação ao mesmo mês de 2018.

As declarações do ministro brasileiro aconteceram poucos dias antes de Bolsonaro abrir a próxima Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), que acontecerá a 24 de setembro na sede da organização, em Nova Iorque.