“É impensável que algum autarca venha a dizer que estão a fazer o trabalho e não nos mostram. A qualquer momento que o peçam, podem conhecer o trabalho”, disse o Ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes, em Gondomar, no distrito do Porto.
A garantia do governante não impediu a presidente da Câmara de Vila do Conde, Elisa Ferraz (PS), de lamentar publicamente o protocolo “feito à pressa” e o autarca da Trofa, Sérgio Humberto, de lembrar aos jornalistas que a linha de metro daquele concelho já foi alvo dos “estudos todos”, sendo uma promessa do governo com 18 anos, feita por dali terem retirado a linha de comboio.
Quando discursava na cerimónia de assinatura do protocolo para o desenvolvimento dos estudos sobre linhas do Metro do Porto ou de metrobus, que devem estar concluídos dentro de 10 meses e vão servir de base às escolhas para um investimento total de cerca de 860 milhões de euros, Matos Fernandes destacou ainda as vantagens do sistema de metrobus.
“Entre o metro e o metrobus, desde o momento em que a Área Metropolitana do Porto (AMP) manifestou vontade de que sejam estudados em conjunto, tornam-se soluções muito próximas uma da outra. O metrobus pode ser, em tudo, semelhante ao metro que anda no carril, com a diferença que tem rodas de borracha”, observou.
O ministro frisou que o metrobus “é igualmente elétrico, tem um corredor dedicado” e, simultaneamente, “menos custos de infraestruturas” do que o metro sob carris.
De acordo com o ministro, permite ainda “raios de curvatura mais apertados” e para em vez de abrandar quando se carrega no travão, o que implica “menos necessidades de sinalização”.
“Toda a situação pode ser muito mais simples”, vincou.
Matos Fernandes recordou que foi “há mais de um ano” que lançou “o desafio à AMP para que sejam as autarquias e AMP a definir os investimentos que querem fazer no metro ou no metrobus”.
O ministro destacou ainda a relevância de ser a empresa do Metro do Porto “a estudar, num só prazo, com uma metodologia uniforme, quais as perspetivas de procura, de sustentabilidade financeira e de viabilidade de construção” para as ligações em causa.
Para o autarca da Trofa, Sérgio Humberto, o estudo das sete linhas em causa no protocolo concluirá que só vai haver verba “para três” dos traçados.
Na sua perspetiva, o protocolo é uma forma de “atirar areia para os olhos” e “adiar uma vez mais o problema”.
“Não é preciso mais estudo nenhum. Já há projetos de execução, é só lançar o concurso. Saio daqui contente. Se o ministro do Ambiente e o presidente [da Metro do Porto] cumprirem a sua palavra, o metro até à Trofa vai ser uma realidade dentro de 10 meses”, disse, com assumida ironia.
O autarca notou que “a única linha que estava na primeira fase do Metro do Porto e não foi feita foi a da Trofa”.
“Há que honrar compromissos do Estado português para levar o metro até à Trofa. Não nos calamos. Vamos para a rua contestar o que nos é devido. Não pedimos para nos tirarem o comboio. Tiraram-nos o comboio com a promessa do metro”, lembrou, referindo-se à suspensão do serviço feita em 2002.
Garantindo que não se vai calar na reivindicação, Sérgio Humberto revelou também aos jornalistas estar a ser organizada uma manifestação para dia 15 de março, às 09:30, para exigir a ligação de metro ao concelho da Trofa.
O autarca criticou ainda que “nunca” os traçados incluídos no protocolo ou o tema da expansão do Metro do Porto tenha sido abordado nas reuniões da AMP.
Já Elisa Ferraz, presidente da Câmara de Vila do Conde, fez questão de alertar para o facto de não ter sido ouvida no âmbito do protocolo quando a chamaram para o assinar.
“Vila do Conde foi chamado a assinar, mas não há uma única obra prevista para o meu concelho”, frisou.
No exterior, em declarações aos jornalistas, a presidente de Câmara lamentou que tenha sido feito “tudo à pressa”, explicando que deixou junto ao protocolo as reivindicações que pretende ver atendidas com os estudos, para dar resposta a necessidades do concelho.
O protocolo para consolidação da expansão da rede de metro no Grande Porto e metrobus foi assinado pelos municípios diretamente envolvidos nos estudos: Gondomar, Maia, Matosinhos, Porto, Póvoa do Varzim, Trofa, Vila do Conde e Vila Nova de Gaia.
Dos 860 milhões de euros em causa, cerca de 620 milhões de euros destinam-se à consolidação da rede do Metro do Porto e 240 milhões de euros para o desenvolvimento de sistemas de transportes coletivos, verbas que deverão ser executadas entre 2021 e 2030.
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