“Ministro escuta, a escola está em luta”, “Professores unidos, jamais serão vencidos”, “Para haver renovação, mais cedo aposentação”, “Queremos a aposentação muito antes do caixão”, foram algumas das frases ouvidas durante a manifestação.
Catarina Marques da Cruz, do Agrupamento de Escolas de Marrazes, afirmou que estão juntos “por uma escola mais digna e a lutar por todos os profissionais da educação”.
“Somos contra as quotas, contra a progressão da carreira por este sistema de avaliação e estamos a defender a escola pública, principalmente”, frisou em declarações à Lusa.
A docente lamentou ainda os serviços mínimos durante as greves decretados pelo Colégio Arbitral. “Estamos contra os serviços mínimos, a escola não é um depósito, a escola é para educar com motivação e amor pela escola, a não somos um depósito nem um restaurante”, reforçou Catarina Marques da Cruz.
Para Sandra Silva, é necessário “dignificar” a profissão. “Somos pessoas muito importantes na nossa sociedade, é necessário ouvirem-nos e mudarem coisas que só os professores conhecem na escola. A minha t-shirt diz ‘necessitamos de obras na escola, temos muito más condições e é urgente agir’. Os nossos governantes têm de nos ouvir”, acrescentou a docente da Escola Secundária Afonso Lopes Vieira, em Leiria, que considerou os serviços mínimos “um atentado à democracia”.
Juntamente com os docentes estavam alunos de diferentes escolas e um grupo de jovens do 11.º ano da Escola Secundária Rodrigues Lobo, em Leiria, mostrou-se solidário com os docentes.
“Esta é também uma luta dos jovens pelo nosso ensino, esta situação causa descontentamento nos professores e com toda a razão e acaba por, sem querer, transbordar para os alunos. Os professores estão cansados nas aulas, estão infelizes com a profissão e pelo salário que têm, ninguém trabalha feliz, estamos aqui a lutar por um ensino melhor”, afirmaram.
O grupo de alunas irá realizar exames que darão acesso ao ensino superior. Apesar de admitirem que podem estar a ser prejudicadas com as greves, as jovens defendem a luta dos docentes.
“Se ao fazerem isto têm o resultado que têm, que é quase nada, se não o fizerem vai continuar tudo na mesma. A greve tem de ter um impacto e neste momento, a prioridade é mudar esta situação”, referiram.
O secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), Mário Nogueira, acompanhou os professores do distrito de Leiria no protesto e anunciou que a concentração dos docentes do distrito de Setúbal, na quinta-feira, acontecerá em Lisboa, onde voltarão a decorrer as negociações entre Governo e sindicatos.
“Os colegas de Setúbal tinham previsto uma concentração na Praça Luísa Todi, mas quando souberam que ia haver esta reunião, que ainda não tem o local, mas que será em Lisboa, decidiram e pediram-nos para se juntarem junto ao local da reunião, porque é aí que vai estar a acontecer a discussão sobre o seu futuro. Os professores querem saber na hora aquilo que esteve a acontecer nessa reunião”, afirmou Mário Nogueira.
Durante o seu discurso aos professores, o secretário-geral da Fenprof defendeu a escola pública.
“A escola pública não vive só dos professores, mas neste momento, e nós sabemos, sem os professores e sem professores qualificados, a escola pública vai à falência. Por isso, neste momento, temos de exigir respeito pelos professores e que valorizem a nossa profissão para voltarmos a ter jovens, a querer ser professores e de imediato a recuperar os jovens que já saíram da profissão, que são quase 15 mil”, referiu.
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