No seu discurso, sem nunca se referir especificamente ao Idai, no primeiro dia da conferência Sul-Sul da Cooperação que decorre na capital argentina, o ministro moçambicano lamentou também a falta de acesso a tecnologias, como barreiras marítimas, para diminuir o impacto de ciclones e tempestades.
“Há desafios prevalecentes em muitos países em desenvolvimento, particularmente nas nações africanas, referentes ao financiamento inadequado para aumentar o investimento social e económico”, mas também um “limitado acesso à tecnologia para prevenir desastres naturais”, apontou o ministro moçambicano, num dia em que o seu país enfrenta uma tragédia que poderá causar milhares de mortos.
José Pacheco elogiou a Cooperação Triangular como um valor acrescido à cooperação entre os países, mas salientou que esses desafios exigem recursos financeiros.
“Os desafios exigem de nós um esforço conjunto para fortalecer a cooperação Sul-Sul, alavancando, assim, os recursos disponíveis para os países em desenvolvimento para melhor atender à Agenda de Desenvolvimento Sustentável de 2030″, pediu.
O ministro explicou que o setor-chave de Moçambique, um dos que mais iniciativas de cooperação receberam, é a agricultura, coluna vertebral da economia moçambicana, responsável por 24% do PIB e por empregar 70% da população.
José Pacheco deu três exemplos de cooperação que o país reconhece como os mais importantes – China, Brasil e Vietname – todos com financiamento e transferência de tecnologia.
“Moçambique foi o primeiro país em instalar um Centro de Demonstração de Tecnologia Agrícola (ATDC), financiado pela China, onde os especialistas moçambicanos e chineses têm trabalhado lado a lado para impulsionar a produtividade da agricultura no país”, disse.
“Outro ator de destaque da Cooperação Sul-Sul e Triangular em Moçambique é o Brasil que financiou, em conjunto com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD, na sigla inglesa), a construção e instalação do primeiro Banco de Leite Materno no país”, explicou, salientando que o projeto incluiu a transferência de tecnologia brasileira e marcou um progresso sem precedentes para reduzir a mortalidade materna, neonatal e infantil.
No caso do Vietname, o apoio ajudou a aumentar os níveis de produtividade em arroz e vegetais, explicou o ministro
Em Moçambique, o Presidente da República, Filipe Nyusi, anunciou hoje que mais de 200 pessoas morreram e 350 mil “estão em situação de risco”, tendo decretado o estado de emergência nacional.
O país vai ainda cumprir três dias de luto nacional, até sexta-feira.
O Idai, com fortes chuvas e ventos de até 170 quilómetros por hora, atingiu a Beira (centro de Moçambique) na quinta-feira à noite, deixando os cerca de 500 mil residentes na quarta maior cidade do país sem energia e linhas de comunicação.
A Cruz Vermelha Internacional indicou que pelo menos 400.000 pessoas estão desalojadas na Beira, em consequência do ciclone, considerando que se trata da “pior crise humanitária no país”.
Comentários