É o resultado da “crescente insegurança e da violência generalizada no norte do país”, lê-se no comunicado final da visita a Cabo Delgado de Gillian Triggs e Raouf Mazou, assistentes do alto comissário.

“Escutei tragédias humanas inacreditáveis”, disse Gillian Triggs.

“Esta é uma verdadeira tragédia humanitária, que traz também necessidades de proteção”, incluindo para crianças, numa população que fugiu “do pior conflito que se possa imaginar”, descreveu.

Enfrentaram “viagens perigosas, alguns em barcos e outros por terra, para encontrar algum tipo de segurança nas comunidades anfitriãs em Cabo Delgado” que “têm sido incrivelmente hospitaleiras”, referiu aquele responsável.

Os dois assistentes do alto comissário estiveram em Ancuabe, onde as famílias enfrentam dificuldades para voltar a ter uma vida normal, “devido à falta de condições dignas”, com “pouco ou nenhum acesso a alimentação, a saúde ou a educação, bem como falta de abrigo adequado e resistente às fortes chuvas da província”, nota o ACNUR.

Com o rápido aumento das necessidades, aquela organização humanitária das Nações Unidas e os parceiros “precisam urgentemente de mais financiamento para garantir que as pessoas que fogem da violência possam ter acesso ao auxílio tão necessário”.

“Em março de 2021, apenas 39% do apelo do ACNUR para 2020-2021 em Cabo Delgado estava financiado”, conclui o comunicado.

O alto comissariado tem assinalado que persiste um défice de 11 milhões de dólares (9,2 milhões de euros) para a operação no norte de Moçambique.

A violência armada em Cabo Delgado, onde se desenvolve o maior investimento multinacional privado de África, para a exploração de gás natural, está a provocar uma crise humanitária com mais de duas mil mortes.

Algumas das incursões foram reivindicadas pelo grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico entre junho de 2019 e novembro de 2020, mas a origem dos ataques continua sob debate.