“Temos conhecimento que foram homens armados da Renamo [principal partido de oposição em Moçambique] que atacaram o posto policial de Metuchira [em Nhamatanda]”, disse Paulique Ucacha, comandante provincial da PRM em Sofala, falando em conferência de imprensa no posto policial que foi atacado naquela província do centro de Moçambique.

O ataque ocorreu pelas 04:50 (menos duas horas em Lisboa) na aldeia de Metuchira, no interior do distrito de Nhamatanda, quando o agente da polícia morto foi surpreendido pelo grupo armado, que assaltou o local, levando uma AK47 e o uniforme da vítima, segundo as autoridades.

A Lusa contactou o secretário-geral da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), André Magibire, que se limitou a dizer que a Renamo “distancia-se do episódio”.

O comandante provincial da Polícia em Sofala disse ainda que as autoridades continuam a perseguir o grupo, que se terá refugiado nas matas depois de atacar o posto policial.

“Existem alguns suspeitos identificados, estamos a fazer o nosso trabalho para capturar este grupo”, acrescentou Paulique Ucacha, prometendo mais detalhes para mais tarde.

O ataque ao posto policial ocorreu junto ao local onde o Presidente da República, Filipe Nyusi, fez na segunda-feira o lançamento da campanha agrícola nacional.

Foi também em Nhamatanda que, no domingo, um ataque a viaturas na estrada principal fez três mortos e onde um polícia já tinha sido abatido na quarta-feira.

Este é o segundo ataque contra a Polícia no prazo de uma semana, depois de um agente ter sido abatido, durante uma investida contra um carro patrulha numa zona no limite entre os distritos de Nhamatanda e Gorongosa, na quarta-feira.

Com este confronto, sobe para oito o número de mortos desde agosto devido a incursões armadas, primeiro contra veículos, mas que depois se tem intensificado contra alvos civis e das forças de defesa e segurança – aumentando também o raio de atuação.

A zona Centro de Moçambique foi historicamente palco de confrontação armada entre forças governamentais e a Renamo até dezembro de 2016, altura em que as armas se calaram, tendo a paz sido selada num acordo subscrito em 06 de agosto.

Permanecem na zona guerrilheiros, em número incerto, que formaram uma autoproclamada Junta Militar para contestar a liderança da Renamo por Ossufo Momade e defender a renegociação do seu desarmamento e reintegração na sociedade.

O grupo de guerrilheiros liderado por Mariano Nhongo já ameaçou por mais que uma vez recorrer às armas caso não seja ouvido – mas, por sua vez, também se diz perseguido por outros elementos desconhecidos.

Na última semana, após o ataque a um carro patrulha, a polícia disse supor que a ação seria da autoria do grupo de Nhongo, mas este negou qualquer envolvimento.

A violência armada protagonizada por grupos desconhecidos ocorre desde agosto nalguns distritos do centro de Moçambique, ao mesmo tempo que as forças de defesa e segurança do país lidam também com ataques armados em Cabo Delgado, mil quilómetros a norte.

Os confrontos em Cabo Delgado duram há dois anos, já fizeram cerca de 250 mortos, eclodiram em mesquitas radicalizadas e apesar de algumas ações serem reivindicadas pelo grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico, desconhecem-se os mentores das ações.

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