Os resultados da votação (que foi alargada a todos os militantes do Chega que quiseram votar e não apenas aos conselheiros nacionais) foram anunciados, cerca das 18:30 de hoje, pelo presidente do Conselho Nacional do Chega, Jorge Galveias, na sessão que será encerrada com um discurso de André Ventura.

De acordo com dados posteriormente avançados pela direção do partido, participaram na votação 590 militantes do Chega, dos quais 574 votaram a favor da moção de confiança, representando 97,28% do total, 15 votaram contra e registou-se um voto nulo.

Segundo Ventura, a votação estava aberta a todos os militantes do partido, "do 1 ao 40 mil".

Esta moção de confiança foi anunciada pelo presidente do partido em finais de agosto por considerar então ser evidente que havia no Chega “uma fação”, que dizia ser minoritária, que contestava a atual direção.

André Ventura diz que o seu destino é ser primeiro-ministro de Portugal

“Não vou desistir até ser primeiro-ministro de Portugal”, afirmou André Ventura, num discurso de cerca de 40 minutos, perante várias centenas de militantes, depois de ver aprovada a moção de confiança que apresentou na assembleia plenária do Chega na Batalha.

O líder do partido de extrema-direita equiparou o Chega ao “comboio da História que ninguém poderá parar”.

“O que vos prometo, mais uma vez, com sangue e com suor, é que este comboio que nós queremos liderar não vai parar até 2026”, ano de eventuais eleições legislativas.

“Este comboio vai direitinho ao palácio de São Bento, vai direitinho à casa de António Costa, e vai direitinho para destituir o primeiro-ministro de Portugal e vencermos e retomarmos a história que ainda nos pertence. Eu prometo-vos, que depois desta confiança, nós vamos ser Governo em Portugal”, enfatizou André Ventura.

Num discurso com várias referências à História de Portugal, Ventura manifestou acreditar “profundamente” que “ninguém pode morrer sem cumprir o seu destino” e que tem uma “missão” para mudar o país.

“Não quero desistir sem a cumprir, não quero ir-me embora sem a concretizar”, enunciou.

Na primeira parte da sua intervenção, o líder do Chega visou a oposição interna, classificada de cobarde, por, apesar de desafiada nesse sentido, não ter estado presente – pelo menos de forma visível – na assembleia da Batalha.

“Acobardaram-se como cobardes que são e não vieram à luta”, disse André Ventura.

Quando na instalação sonora do pavilhão (com cerca de 1.300 lugares disponíveis, mas não todos ocupados), se ouviu, “rua, rua”, Ventura não ignorou a deixa: minutos depois, pegou na votação “amplamente massiva e praticamente unânime” da sua moção de confiança (97,2%, correspondentes a 590 votos, 574 dos quais a favor, 15 contra e um nulo) e, embora garantindo que o Chega “continuará a ser plural, democrático e abrangente”, ameaçou com “a porta da rua” aqueles que andaram “a destruir o partido”.

“A partir de hoje, não deixaremos de apresentar a porta da rua àqueles que andaram a destruir o partido ao longo dos últimos meses e dos últimos anos. Isso começa amanhã mesmo [segunda-feira], quando chegar a Lisboa”, frisou.

Ainda sobre a oposição interna, André Ventura observou que quem se deslocou à Batalha – e “todos os militantes, do um ao 40 mil, foram chamados” – teve oportunidade de falar e votar, por voto secreto, ao contrário dos críticos, que aparentemente não apareceram.

“Aqueles que andaram durante meses, que andaram durante anos a ameaçar-nos com tomadas de poder, no momento em que a batalha estava pronta, em que estávamos prontos aqui com os cavalos todos no terreno, prontíssimos para os receber e enfrentar, capitularam. Se capitularam connosco, com aqueles que deveriam ser a sua família, como podem estes um dia lutar contra os socialistas?”, questionou o líder de extrema-direita.

“Esses que capitularam perante nós e aqui não vieram, como é que podiam estar perante uma Assembleia [da República] e um país hostil e um sistema que nos quer destruir? Sabemos o que fariam, vendiam-se ao sistema imediatamente, como tantos têm feito em Portugal”, acusou André Ventura.