“Esta greve foi residual”, sublinha a Sonae MC, num comunicado em que assegura “respeito” por todo os direitos legais dos seus colaboradores, “nomeadamente o direito à greve, tendo sempre demonstrado total disponibilidade e abertura para reunir e dialogar, seja com sindicatos, seja com qualquer um dos cerca de 32.000 colaboradores”.
Sublinhando que a negociação do Contrato Coletivo de Trabalho é feita “pela Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição (APED) e não pela Sonae MC”, a detentora da marca Modelo/Continente diz ter uma política retributiva que “respeita o Contrato Coletivo de Trabalho do setor, sendo ela também ajustada às exigências das diferentes funções existentes” nas suas operações.
Trabalhadores de alguns hipermercados e armazéns do Continente estão a hoje a denunciar junto dos clientes a sua “miserável” situação laboral, numa ação que, no caso do distrito do Porto, está coberta por um pré-aviso de greve, disse o dirigente do CESP – Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal Luís Figueiredo, que é também trabalhador do Continente.
“No caso do distrito do Porto, emitimos pré-aviso para que os trabalhadores pudessem participar. Admitimos que a adesão à greve não seja muito significativa, mas também não o esperaríamos, porque os salários são tão baixos que os trabalhadores não podem abdicar das horas a 100% ao domingo. O que se pretende é mais uma ação de protesto e denúncia junto dos clientes”, afirmou o sindicalista.
A ação do distrito do Porto decorre junto ao hipermercado do Gaiashopping, em Vila Nova de Gaia, sendo que as restantes se registam num hipermercado da zona de Lisboa e noutro da área de Coimbra.
Os clientes do Continente do Gaiashopping estão a receber prospetos que os informam sobre as condições de trabalho e salariais dos trabalhadores que diariamente os atendem “com sorrisos e simpatia”, indicou o sindicalista.
O texto acusa a ADEP, que é presidida pela Sonae/Continente, de bloquear a negociação do contrato coletivo de trabalho há quase três anos, querendo a redução do valor pago pelo trabalho suplementar e a aceitação do banco de horas (trabalho à borla) a troco de ‘aumentos’ salariais de 11 cêntimos ao dia”.
“Reivindicamos um aumento geral de salário num mínimo de 40 euros”, disse o dirigente sindical Luís Figueiredo, sublinhando que atualmente o vencimento de topo está 26 euros acima do salário mínimo nacional “quando em 2010 estava 140 euros acima da retribuição mínima nacional”.
Os trabalhadores exigem ainda o encerramento das lojas aos domingos e feriados “de forma a melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores e de sua famílias”, disse o dirigente, sublinhando o apoio a essa causa dado recentemente pelo bispo do Porto, Manuel Linda.
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