“A nossa predisposição é não só continuar como reforçar os nossos laços, por isso venho aqui, caro Presidente, com a intenção de dar continuidade à relação que temos, mas incrementá-la e dizer-lhe que temos à nossa frente um espaço de cooperação que pode ser mais profundo e que pode servir os nossos povos”, afirmou Luís Montenegro, no Palácio do Eliseu, em Paris, onde foi recebido para um almoço de trabalho.
Perante o chefe de Estado francês, o primeiro-ministro português sublinhou que “Portugal e a França têm uma relação de parceria muito transversal, histórica, quer do ponto de vista bilateral”, quer do ponto de vista do “compromisso com os valores e a construção do futuro da União Europeia, quer do ponto de vista global nas Nações Unidas” e em áreas geográficas onde têm interesses comuns, “como África”.
“Estamos muito focados e solidários, nas principais agendas que temos hoje na frente de nós na União Europeia, desde logo o apoio à Ucrânia face à invasão da Rússia, o acompanhamento da situação na Faixa de Gaza e todo o processo de relançamento económico da Europa”, declarou.
Para Luís Montenegro, nesse processo incluem-se “o desenvolvimento do mercado único, o desenvolvimento da competitividade das nossas empresas, o financiamento sobretudo das pequenas e médias empresas e questões tão relevantes como a gestão dos fluxos migratórios”.
O chefe de Governo português felicitou ainda os franceses pela realização dos Jogos Olímpicos de Paris, que decorrem entre 26 de julho e 11 de agosto, e disse fazer questão de vir assistir “de viva voz e corpo presente” à “capacidade organizativa” gaulesa, e também para “acompanhar os atletas portugueses”.
Montenegro sublinhou a forma como a comunidade portuguesa foi e continua a ser acolhida em França e agradeceu a mensagem do presidente francês pelos 50 anos do 25 de Abril.
Antes do almoço com Macron, Montenegro esteve na Gare de Orly para visitar o mural “Strates Urbaines”, do artista português Alexandre Farto (Vhils), onde falou aos jornalistas sobre a candidatura do ex-primeiro-ministro António Costa à presidência do Conselho Europeu.
O primeiro-ministro apontou as características que justificam o apoio do Governo português ao socialista: “É por ele ser português, é por ele ser um europeísta, é por ele ser portador de valores de respeito pela paz, pela democracia, pela solidariedade política e económica entre os Estados da União Europeia”, disse aos jornalistas, em declarações difundidas pela RTP.
Montenegro acrescentou ainda que, “na função específica de coordenador do Conselho Europeu”, António Costa tem “a habilitação para construir as pontes que são necessárias entre os estados-membros e até entre algumas sensibilidades político-partidárias diferentes”.
“Não vejo na família socialista, nem confio mais em nenhum outro socialista na Europa para desempenhar essa função”, declarou.
O primeiro-ministro disse ainda esperar que na próxima semana a eleição possa ficar fechada.
No Eliseu, Emmanuel Macron referiu que o encontro com Montenegro serve para preparar “os próximos prazos” na próxima semana, e para determinar a “agenda estratégica” da Europa e de segurança, militar, tecnológica, económica, “de uma Europa soberana, uma Europa da descarbonização, uma Europa que proteja as suas fronteiras e ajuda os seus aliados".
"Há entre nós, entre os dois países, uma profunda convergência e uma vontade de fazer juntos", declarou, referindo "valores que também fazem o modelo europeu", e assinalando que nas "questões internacionais, Ucrânia, Médio Oriente, África”, a cooperação “também demonstra a proximidade de interesses e valores” entre os dois países.
“Quero dizer-lhe o quanto os laços que nos unem são laços humanos, de fascínio mútuo e de amizade, mas também laços muito importantes para a nossa Europa. Partilhamos os mesmos valores e a mesma determinação", vincou Macron.
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