A antiga provedora da Casa Pia que teve um papel de destaque na defesa das crianças vítimas de abuso sexual naquela instituição morreu este sábado, aos 72 anos, vítima de uma doença que se prolongava há vários anos. A situação clínica piorou depois de ter contraído uma infeção.

De acordo com Miguel Matias, advogado da Casa Pia, Catalina estava internada numa unidade hospitalar em Lisboa e "morreu durante a noite" vítima de uma infeção generalizada.

Catalina Pestana esteve mais de quatro anos a liderar a instituição, para onde foi nomeada quando rebentou o escândalo de pedofilia que envolvia alunos e ex-alunos da Casa Pia.

Na altura, em Novembro de 2002, Catalina Pestana foi substituir o então provedor Luís Rebelo, a quem foi instaurado um processo disciplinar na sequência do caso. Ficaria à frente da instituição até 2007.

Mais tarde, em 2011, voltou à praça pública para denunciar os casos ao arcebispo de Braga, Jorge Ortiga, na altura presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, que contrapôs ter pedido a Catalina Pestana que, “se tivesse casos concretos, os denunciasse, os apresentasse aos bispos locais”. O Ministério Público arquivou o caso.

Nascida em 5 de maio de 1947, viveu no Barreiro e fez o liceu em Setúbal, antes de ir estudar Filosofia para a Universidade de Letras de Lisboa. Desempenhou o cargo de directora do Plano para Eliminação e Exploração do Trabalho Infantil entre 1998 e 2002, antes de assumir a provedoria da Casa Pia.

Foi coordenadora nacional do Projecto Vida do Ministério da Educação entre 1990 e 1993 e directora do Colégio de Santa Catarina, da Casa Pia de Lisboa, entre 1975 e 1987.