Desmond Tutu, arcebispo emérito sul-africano e vencedor do Prémio Nobel da Paz de 1984 pelo seu ativismo contra o regime de segregação racista do Apartheid, morreu hoje aos 90 anos, anunciou o Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa.

Num comunicado emitido, o Presidente confirma o falecimento e enviou as condolências à família.

"A morte do arcebispo emérito Desmond Tutu é um novo capítulo de luto na despedida da nossa nação a uma geração de sul-africanos excecionais que nos legaram uma África do sul liberta", acrescentou o presidente.

Tutu foi uma das principais vozes contra o anterior regime de segregação racial da África do Sul, em defesa dos direitos e liberdades da maioria negra no país.

Nos últimos anos, o líder histórico religioso tem defendido os direitos LGBT, o combate à corrupção pública, justiça, igualdade e reconciliação na África do Sul pós-apartheid.

Desmond Mpilo Tutu recebeu o Prémio Nobel da Paz, em 1984, aos 53 anos, "pelo seu papel como líder unificador na campanha não violenta para resolver o problema do apartheid na África do Sul", segundo o Instituto Norueguês do Nobel.

Foi ordenado sacerdote em 1961 após estudar no St. Peter's Theological College, em Rosettenville, o popular bairro de portugueses no sul de Joanesburgo.

O ativista anti-apartheid sul-africano trabalhou para o Conselho Mundial de Igrejas, em Londres, tendo regressado definitivamente à África do Sul, em 1975, onde depois de ter sido bispo do Lesoto e secretário-geral do Conselho Sul-Africano de Igrejas, e bispo de Joanesburgo, foi nomeado, em 1986, arcebispo anglicano da Cidade do Cabo.

Desmond Tutu presidiu à Comissão da Verdade e Reconciliação (TRC, na sigla em inglês), criada em 1995 pelo Governo de Unidade Nacional do ex-Presidente Nelson Mandela (1994-1999), para facilitar o processo de reconciliação nacional sul-africano após a queda do regime do apartheid, em 1994.

“O conflito durante este período resultou em violência e abusos dos direitos humanos de todas as partes. Nenhum setor da sociedade escapou aos abusos”, refere o sítio oficial da TRC, no âmbito do Ministério da Justiça sul-africano, que depois de 27 anos de democracia no país continua a assistir as famílias das vítimas identificadas no processo de reconciliação no fim da década de 1990.