Maria Isabel Barreno de Faria Martins nasceu a 10 de julho de 1939, em Lisboa. Estudou na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde se licenciou em Ciências Histórico-Filosóficas. Trabalhou no Instituto Nacional de Investigação Industrial, foi jornalista e Conselheira Cultural para os Assuntos do Ensino na Embaixada portuguesa em Paris. Publicou um total de 24 títulos, entre a poesia e o romance, passando também por trabalhos na área da Sociologia e contos.
Recebeu diversas distinções, entre as quais o Prémio Fernando Namora, pelo romance “Crónica do Tempo” (1991), e o Prémio Camilo Castelo Branco e o Prémio Pen Club Português de Ficção, pelo livro de contos “Os Sensos Incomuns” (1993), e em 2004 foi feita Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.
Juntamente com Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa, em 1972, Maria Isabel Barreno foi uma das autoras julgadas no processo que ficou conhecido como "o Caso das Três Marias" e que resultou da publicação da obra proibida pelo regime "Novas Cartas Portuguesas".
O livro escrito a seis mãos, acusado de pornografia e perseguido pelo Estado Novo, ficou para a história como uma das primeiras causas feministas em Portugal.
Em 2009 publicou o seu último romance, "Vozes do Vento".
Numa nota de pesar divulgada pelo gabinete do ministro da Cultura, pela morte de Maria Isabel Barreno, o responsável recordou que a escritora nasceu em 1939, "num regime opressor".
"A riqueza do seu pensamento e o rigor dos seus princípios em muito contribuíram para termos hoje uma sociedade mais justa, livre e igualitária", salienta Luís Filipe Castro Mendes na nota de pesar.
A escritora Maria Teresa Horta lamentou também a morte da amiga, “uma mulher excecional, inteligentíssima, muito culta e leal” a quem ficou ligada desde que escreveram, com Maria Velho da Costa, as “Novas Cartas Portuguesas”.
“Nesta altura, que é uma altura de uma grande depressão e de um choque muito grande, o que posso dizer é isto: ela era uma mulher excecional, inteligentíssima, muito culta e muito leal, e que tem uma obra muito importante – ‘A Morte da Mãe’ – que acho que devia ser reeditada rapidamente, já deveria ter sido há muito tempo”, disse Maria Teresa Horta à Lusa.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, sustentou este sábado que a obra de Maria Isabel Barreno foi "muito além" da co-autoria das "Novas Cartas Portuguesas". Numa mensagem de pesar e condolências à família publicada este sábado no sítio "online" da Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa recorda que a publicação das "Novas Cartas Portuguesas", foi "um acontecimento que definiu uma época".
Maria Isabel Barreno será cremada no domingo, às 17:00, no cemitério dos Olivais.
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