Augusto Cid destacou-se como cartoonista, tendo trabalhado em vários jornais e revistas, nomeadamente Vida Mundial, O Diabo, Grande Reportagem, O Independente e no semanário Sol, assim como na TVI, sempre com uma perspetiva da atualidade, tendo editado, entre outros títulos, "Cid, o Cavaleiro do Cartoon", catálogo que acompanhou a exposição homónima.
Nascido em novembro de 1941, na cidade da Horta, na ilha do Faial, Açores, Augusto José de Matos Sobral Cid fez os estudos secundários no Colégio Moderno, em Lisboa, seguindo para os Estados Unidos, de onde regressou, para frequentar o curso de Escultura da Escola Superior de Belas Artes de Lisboa.
Como cartoonista teve vasta colaboração na imprensa portuguesa, designadamente, n'A Parada da Paródia, A Mosca, Diário de Lisboa, Lorentis, Observador, O Século, Vida Mundial, O Jornal Novo, Povo Livre, A Tarde, O Dia, O Diabo, Semanário, O Independente, Focus e Grande Reportagem, assim como na TVI.
Nas décadas de 1970 e de 1980, as suas 'tiras' satirizaram frequentemente figuras como Álvaro Cunhal, Pinto Balsemão e Ramalho Eanes, personalidade a quem dedicou dois livros seus: "O Superman" e "Eanito, el Estático".
Além destes, o autor conta mais de 30 títulos publicados, alguns com edições de autor. Da sua bibliografia fazem parte, entre outros, "Que se passa na frente", "PREC - Processo Revolucionário Eventualmente Chocante", "O Último Tarzan", "Demito-me uma Ova", "Agarra, Mas Não Abuses", "Alto Cão Traste", "O Produto Interno Brito", "Porreiro, Pá" e "Soares é Fish".
Augusto Cid fez também parte de vários álbuns coletivos, nomeadamente os que reuniram as melhores produções anuais, em que figurou ao lado de criadores como António, Maia, Vasco, e de criadores de gerações mais recentes, como Cristina Sampaio, António Jorge Gonçalves e André Carrilho, entre outros.
O caso de Camarate, relativo ao atentado que causou a morte, a 04 de dezembro de 1980, do então primeiro-ministro Francisco Sá Carneiro, da sua companheira, Snu Abecassis, do ministro da Defesa Adelino Amaro da Costa e quatros outros passageiros e pilotos, teve a sua atenção, tendo sempre defendido a tese de atentado, como o demonstrou na X Comissão Parlamentar de Inquérito a este caso, em 2015.
Sobre esta temática publicou os livros "Camarate" (1984) e "Camarate: Como, Porquê e Quem" (1987).
Em junho de 1999 foi condecorado com a Ordem do Infante D. Henrique (grau comendador), pelo Presidente Jorge Sampaio, que, no prefácio de "Cid, O Cavaleiro do Cartoon", se confessou "admirador do seu trabalho", no qual reconhecia "uma forte componente política" e um "inconfundível e inteligente traço", com "comentários certeiros sobre a atualidade".
Em setembro de 2012, Augusto Cid anunciou a sua retirada do cartoon, para se dedicar exclusivamente à escultura, mas em 2015 retomou o género no semanário Sol, com uma secção intitulada "Sombra Sol".
Como escultor, tem várias obras no país, nomeadamente, em Lisboa, a peça de homenagem às vítimas dos atentados de 11 de setembro de 2001, instalada no cruzamento das avenidas de Roma e dos Estados Unidos da América, e a dedicada a Nuno Álvares Pereira, no Restelo, inaugurada em novembro de 2016, pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Militante do PSD, em 1974, para o qual desenhou o símbolo original das três setas, Augusto Cid afastar-se-ia do partido quando este chegou ao poder, como recordou numa entrevista ao jornal Correio da Manhã, em outubro de 2012, quando se afastou do cartoon: "Uma coisa é fazer desenhos num órgão de um partido que está na oposição e outra é o partido chegar ao poder e eu passar a ter de fazer desenhos que o apoiem. Não contem mais comigo", terá dito ao então primeiro-ministro Sá Carneiro, como relatou.
O velório de Augusto Cid realiza-se na sexta-feira, a partir das 17:00, na Basílica da Estrela, em Lisboa, onde será rezada missa de corpo presente no sábado, pelas 10:00, seguindo-se o funeral para o cemitério do Alto de São João, onde será realizada a cerimónia de cremação.
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