Vasco Rocha Vieira nasceu em Lagoa, no distrito de Faro, a 16 de agosto 1939. Antes de voltar a Portugal, no 25 de abril, foi chefe do Estado-maior Territorial Independente de Macau entre 1973 e 1974. Na transição para a democracia, colaborou como membro do Conselho da Revolução e desempenhou funções como Chefe do Estado-Maior do Exército.

Anos mais tarde, entre 1986 e 1991, foi também ministro da República dos Açores, antes de voltar para Macau.

Acabou o mandato como governador de Macau em 1999, tendo sido o 138.º e último representante a exercer o cargo antes da transferência da plena soberania sobre o território para a China. Aquele que foi "um momento transcendente" ficou marcado pelo acordo histórico entre Portugal e China e pela cerimónia do arriar da bandeira nacional de Portugal.

A figura do general com a bandeira encostada ao peito permanece na memória dos vários portugueses e emigrantes que assistiam em Macau e pela televisão.

“Foi um momento transcendente. Eu senti que quem estava ali eram gerações e gerações de portugueses que fizeram Macau, que viveram em Macau, se dedicaram a Macau e honraram Portugal”, diz Rocha Vieira em entrevista à CNN, em 2023.

Cerca de dois anos depois, o tenente-general passou à reserva.

Entre 2006 e 2016, foi ainda designado Chanceler das Antigas Ordens Militares pelo Presidente António Ramalho Eanes, de quem era próximo. Nesse ano, publicou o livro O 25 de Novembro e a Democratização Portuguesa em co-autoria com o sociólogo António Barreto

Em 2015, foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem Militar da Torre e Espada pelo ex-Presidente Cavaco Silva. Nos anos antes, foi condecorado com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique (1986), atribuída pelo general Ramalho Eanes, com a Grã-Cruz da Ordem de Cristo (1996), conferida por Mário Soares, e com o Grande Colar da Ordem do Infante D. Henrique (2001), atribuída por Jorge Sampaio, uma condecoração atribuída excecionalmente, já que é normalmente destinada a chefes de Estado.

O seu nome foi várias vezes mencionado na disputa pela presidência da República Portuguesa, mas Vasco Rocha Vieira nunca chegou a candidatar-se.

Entretanto, trabalhou na Fundação Jorge Álvares de Macau, cuja criação foi proposta pelo próprio tenente-general ao então Presidente português, Jorge Sampaio, a dois meses de abandonar o cargo de governador. Esta relação originou em alguns problemas, entre as quais o financiamento da fundação, com dinheiro macaense.

Vasco Rocha Vieira era licenciado em Engenharia Civil e tirou vários cursos e especialidades, incluindo o Curso Geral de Estado-Maior, o Curso Complementar de Estado-Maior, o Curso de Comando e Direção para General Oficial e o Curso de Defesa Nacional.

Em 1984, foi promovido a Brigadeiro e, mais tarde, em 1987, promovido a general. Ensinou na Academia Militar e no Instituto de Estudos Militares Avançados.

Na sua carreira nas Forças Armadas foi também representante Militar Nacional no Quartel-General Supremo dos Poderes Aliados da NATO, na Europa - SHAPE, na Bélgica, e diretor honorário de armas e engenharia.

Era associado honorário da Sociedade de Geografia de Lisboa, da Sociedade Histórica da Independência de Portugal e da Liga dos Combatentes, e foi nomeado membro do Conselho Geral e de Supervisão da EDP em 2012.

*Obituário da jornalista estagiária Ana Filipa Paz, editado pela jornalista Ana Maria Pimentel

*Com Lusa