Devido à covid-19, este ano, nos cemitérios de Lisboa foram impostas regras apertadas de segurança, com entrada por um lado e saída por outro, e estavam previstos limites às entradas, mas em Benfica não foi preciso, porque a romagem ficou muito aquém da de outros anos.

Elvira Lavinas foi porque é um dia especial, a que não se deve faltar, como se fosse um aniversário de um ente querido, e considera que as restrições na romagem ou cemitérios encerrados não faz sentido.

“Muita gente não vem durante o ano, mas neste dia não gosta de faltar. Acho que toda a gente é consciente para entrar, dirigir-se aos seus locais e não estão a fazer festas dentro dos cemitérios. Vão visitar os entes queridos”, afirmou.

Elvira lamenta que se tenham imposto restrições à visita aos cemitérios quando “milhares de pessoas sem máscara foram ver as ondas” à Nazaré, ou quando “mandam ir as pessoas ao teatro”.

“Acho que é injusto. Não sei qual é o pensamento deste Governo, não sei nada, porque não são medidas que se justifiquem”, disse.

Fernanda vai ao cemitério todas as semanas visitar um filho e concorda com as medidas restritivas, “porque as pessoas, por si só, não fazem nada”.

“Era sempre um aglomerado de gente e agora não há quase ninguém. Mas. se tem de ser, tem de ser”, disse.

“Por uns pagam os outros, mas acho bem”, acrescentou.

Também Maria da Conceição Mendonça notou “muito menos gente do que o habitual”, porque é uma data em que ali “estaria uma enchente de gente”, mas considera que as novas medidas para conter o vírus “até pecam por vir um pouco tardias”.

“A partir do confinamento - que eu acho que deveria ter sido, de facto, libertado - deviam ter sido imediatamente decretadas medidas com uma certa severidade. Era inevitável que as pessoas iam ficar a achar que isto já estava tudo bem, tudo muito fresquinho, e, portanto, na altura é que deveriam ter sido tomadas outras medidas”, considerou, sublinhando que “as pessoas têm de se mentalizar que isto é sério”.

Já Fernanda de Jesus Monteiro tem um negócio de flores à porta do cemitério e espera por estes dias para ganhar mais alguma coisinha, mas este ano o vírus estragou-lhe o mealheiro.

Todos os anos, nesta data, é entrevistada porque muitos jornais e revistas querem saber como vai o negócio, mas hoje a Lusa foi a primeira e única até então.

“Já estava a estranhar, que nem os jornalistas apareciam”, disse, sublinhando que este ano “não tem nada a ver com outros, mesmo com os anos que foram maus”.

“Com esta coisa do vírus, está muito complicado o negócio de toda a gente. Não sei onde é que isto vai parar. A gente não ganha quase para o negócio. Não se vende nada, mas não há nada a fazer”, afirmou, fazendo votos de que, ao menos, o sacrifício “valha para alguma coisa”.

1 de novembro é o dia que a igreja católica honra os santos conhecidos e desconhecidos. Neste dia largos milhares de portugueses rumam aos cemitérios para visitar os seus entes falecidos, embora no calendário religioso o dia dos Fiéis Defuntos se assinale em 2 de novembro.