“Com respeito mútuo pelo trabalho e pelos objetivos das nossas organizações, concordámos conjuntamente que o museu não é o local ideal para o jantar de gala da Câmara de Comércio Brasil-EUA”, escreveu o museu na rede social Twittter, na noite de segunda-feira.
O evento da Câmara de Comércio Brasil-EUA pretende nomear Jair Bolsonaro como a “Pessoa do Ano”.
“Este evento tradicional acontecerá noutro local, na data e na hora originais”, acrescentou. No domingo, o museu já tinha esclarecido que aceitou a reserva sem saber quem seria homenageado.
“Queremos deixar claro que o museu não convidou o Presidente Bolsonaro, ele foi convidado como parte de um evento externo”, de acordo com uma declaração publicada no Twitter.
Vários críticos apontaram de imediato a ironia de a figura de Bolsonaro ser celebrada no Museu de História Natural de Nova Iorque, sob a imagem de uma baleia azul que decora um espaço dedicado à vida marinha, quando uma das primeiras medidas que tomou, quando assumiu o cargo de Presidente, foi pôr em risco a proteção da Amazónia.
Uma das primeiras pessoas a criticar o evento marcado para 14 de maio foi o presidente da câmara de Nova Iorque, Bill de Blasio, considerando que o chefe de Estado brasileiro é “um ser humano muito perigoso”.
“[Bolsonaro] é perigoso não apenas por causa do seu óbvio racismo e homofobia, mas porque, infelizmente, é a pessoa com maior poder para decidir o que acontece na Amazónia no futuro”, disse De Blasio, num programa da emissora de rádio WNYC, no qual apelou ao Museu de História Natural para que cancelasse a gala.
Organizações da sociedade civil como “Decolonizing This Place” sublinharam também nas redes sociais que “não só iriam protestar”, como também iriam forçar o encerramento do museu se a gala fosse realizada.
O evento é realizado anualmente desde 1970 com o objectivo de realçar o trabalho de duas pessoas (uma brasileira e outra norte-americana) “na construção de relacionamentos” entre os EUA e o Brasil.
No ano passado, a gala prestou homenagem ao ex-mayor de Nova Iorque Michael Bloomberg e ao juiz brasileiro Sérgio Moro, atual ministro da Justiça no Governo de Bolsonaro.
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