O Governo de Unidade Nacional, composto por políticos e ativistas pró-democracia que se opõem à junta militar atualmente no poder em Myanmar (antiga Birmânia), referiu hoje que os condenados à morte não tiveram direito a advogados nos processos sumários de que foram alvo em tribunais militares.
“As sentenças estão a ser executadas sem direito a defesa ou a representação legal”, disse o responsável pelos Direitos Humanos do “governo pró-democrático”, Aung Myo Min, numa mensagem divulgada na rede social Twitter.
Embora a pena de morte esteja consagrada na Constituição birmanesa, Myanmar não executava um ninguém desde 1998.
O exército birmanês justificou o golpe de Estado com uma alegada fraude nas eleições de novembro passado, em que o partido da líder deposta Aung San Suu Kyi conseguiu uma vitória clara, como aconteceu em 2015, e que obteve o aval dos observadores internacionais.
Logo após o golpe de Estado, os birmaneses responderam com um movimento de desobediência civil e grandes manifestações pacíficas, mas estas demonstrações de descontentamento foram reprimidas pelas autoridades militares e policiais, que usaram armas reais contra civis desarmados.
Desde então, pelo menos 883 civis morreram devido à repressão brutal das forças de segurança contra as manifestações pacíficas, segundo dados da Associação de Assistência a Presos Políticos, que também conta mais de 6.000 detidos.
Como resultado dessa repressão, muitos manifestantes decidiram pegar em armas e formaram milícias civis que lutam agora contra o exército, apoiadas, em alguns casos, por guerrilhas étnicas já com experiência, já que lutam há décadas para exigir maior autonomia.
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