A manifestação ocorreu no dia em que a Arménia inicia três dias de luto nacional para render homenagem às vítimas mortais registadas ao longo de seis semanas de conflito, que terminou com a assinatura, a 09 de novembro, de um acordo de cessar-fogo, que oficialmente levou o Azerbaijão a declarar vitória.
A tensão, porém, não tem dado tréguas na Arménia, sobretudo depois de a oposição qualificar o primeiro-ministro arménio como “traidor”, situação que o vem enfraquecendo politicamente.
“A nação inteira viveu e está a viver um pesadelo. Às vezes, parece que todos os nossos sonhos foram destruídos e nosso otimismo destruído”, disse Pachinian num discurso em vídeo antes de liderar o desfile até ao memorial em Erevan onde as vítimas do conflito estão sepultadas.
A oposição, que apelou à participação numa greve geral a partir de 22 deste mês para forçar Pachinian a abandonar o cargo, também tem prevista para hoje uma marcha idêntica.
Vários opositores ao primeiro-ministro arménio adiantaram que a manifestação não irá passar pelo memorial.
“[Pachinian] não deve profanar os túmulos dos nossos filhos. Deveria era ficar de joelhos e pedir perdão” às vítimas, disse aos jornalistas Missak Avetissian, que perdeu o filho no conflito.
Pachinian, de 45 anos, chegou ao poder em 2018, na sequência de uma revolução pacífica, incorporando as esperanças da população na substituição das elites pós-soviéticas corruptas, sendo amplamente criticado desde a derrota das forças arménias frente ao exército do Azerbaijão em Nagorno-Karabakh.
Mais de 5.000 pessoas, incluindo civis, foram mortas nos dois países da esfera da antiga União Soviética no conflito que eclodiu no final de setembro em torno deste enclave habitado maioritariamente por arménios no Azerbaijão.
Em 09 de novembro, foi assinado um acordo de cessar-fogo — “humilhante para a Arménia”, segundo a oposição arménia – assinado sob os auspícios de Moscovo, em que ficaram garantidos ganhos territoriais significativos ao Azerbaijão, apoiado pela Turquia.
O acordo provocou a ira na Arménia, onde a oposição se tem manifestado diariamente para exigir a demissão do primeiro-ministro.
Por seu lado, Pachinian, cujo filho de 20 anos participou como militar no conflito e a mulher num centro de treino das Forças Armadas arménias, recusa a deixar o poder e defendeu repetidamente que a decisão de aceitar o acordo, afirmando que o fim das hostilidades se impunha, tal como reclamava, então, o exército arménio.
Em virtude do acordo assinado, a Rússia enviou cerca de 2.000 soldados para uma missão de manutenção de paz em Nagorno-Karabakh.
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