A editora do canal de televisão 100% Notícias foi acusada pelo Ministério Público de "provocação, incitamento e conspiração à prática de atos terroristas", de acordo com uma declaração emitida pela Presidência da República.

A jornalista, detida na prisão de alta segurança de El Chipote, em Manágua, também foi acusada de incitamento ao ódio "contra a instituição da ordem pública, a polícia nacional". O julgamento está previsto para 25 de janeiro.

Em concreto, os juízes consideram que a jornalista transmite "informações falsas e infundadas na televisão e nas redes sociais, com o objetivo de gerar angústia e ódio radicais contra os apoiantes e membros da Frente Sandinista de Libertação Nacional".

A emissora 100% Notícias, fechada pelo Governo na sexta-feira, tem sido um dos principais meios de comunicação social na cobertura da crise na Nicarágua, desde o início das manifestações contra o Governo de Daniel Ortega, em abril.

No sábado, também o diretor do canal, Miguel Mora, foi detido pelas autoridades e acusado de "conspiração e terrorismo".

Em abril, as manifestações contra as reformas económicas do Governo foram reprimidas violentamente pelas autoridades e fizeram escalar as reivindicações dos manifestantes para o pedido de demissão de Daniel Ortega.

No balanço, as organizações humanitárias contam entre 325 e 545 mortos, enquanto o Governo admite 190, assegurando que a sua ação foi em resposta a uma "tentativa de golpe de Estado".

Segundo as organizações não-governamentais foram ainda registados 610 "presos políticos" e acusados 273 "suspeitos de terrorismo", de acordo com as autoridades.