Nos museus localizados nos dois lados do rio - Louvre e Museu D'Orsay - várias coleções foram guardadas em locais seguros, principalmente aquelas expostas nas caves, e o Louvre foi mesmo fechado ao público. "Milhares de obras" foram retiradas durante a noite "em boas condições", segundo a administração do local. Do outro lado do rio, o Museu de D'Orsay vai permanecer fechado até terça-feira para uma operação similar.
@mr_littlewhite olha a água chegando no louvre (eu vi uma foto mais cedo de umas barricadas dentro do museu) pic.twitter.com/TRVcZ4173B
— drido (@drido) 3 de junho de 2016
Em pontes do centro da capital, turistas e parisienses, a pé, de bicicleta ou mota, paravam para fotografar o Sena que transborda. "Isto faz-nos lembrar que a natureza é mais poderosa do que o homem. Nós não podemos fazer nada, temos de esperar", disse Gabriel Riboulet, um empresário de 26 anos.
Matt Dale, um soldado australiano que está de visita à França pela primeira vez, com sua noiva Sarah Jackson, diz que viu inundações nas áreas rurais do seu país, mas "nunca como esta".
Novo aumento do nível do rio à noite
De acordo com as autoridades francesas, o nível do Sena atingiu nesta sexta-feira à tarde seis metros, com um novo pico esperado para a noite, "de 6,30 ou 6,50 metros." Este nível elevado deve "manter-se relativamente estável durante todo o fim de semana antes de começar a descer", informaram as autoridades.
A última grande enchente a atingir a capital francesa foi em 1982, quando o rio chegou aos 6,15 metros. No entanto, o grande dilúvio histórico, que continua a ser o ponto de referência para os parisienses, data de 1910. Na ocasião, o rio chegou aos 8,62 metros de altura e há marcas nas docas que ainda indicam até onde o nível da água chegou.
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— Tatiana de Rosnay (@tatianaderosnay) 3 de junho de 2016
Desde terça-feira, o tráfego no Sena está proibido, rio onde barcos à vela ou de turismo costumam navegar. A linha de comboio que acompanha a margem, junto ao rio, foi encerrada. Perto da catedral de Notre Dame, troncos de árvores e paletes estão à deriva na água. Esta tarde havia uma operação de limpeza na estação de metro Pont-Neuf. "Ainda não podemos dizer que há uma ameaça à população", indicou a presidente da Câmara de Paris, Anne Hidalgo.
Naquelas janelas do cais fica a estação de Saint-Michel, no centro de Paris. pic.twitter.com/q1uHwfDS29
— Andrei Netto (@andreinetto) 3 de junho de 2016
As inundações, causadas por chuvas torrenciais, arrastaram na quinta-feira um cavaleiro que caiu à água perto de Paris. O cavalo foi capaz de voltar para a terra mas o homem, de 74 anos, foi encontrado duas horas depois, sem vida, no curso do rio.
Medo de novas vítimas
A ministra francesa do Ambiente, Ségolène Royal, afirmou nesta sexta-feira que "teme descobrir (outras) vítimas", com a descida do nível da água que "será muito lento" em todas as regiões afetadas. Um total de 13 departamentos da região de Paris e do centro da França permanecem em estado de alerta.
Desde o início das chuvas na semana passada, 20.000 pessoas foram evacuadas. Face aos danos materiais significativos, o estado de catástrofe natural foi decretado por François Hollande.
Na Alemanha, a situação parece melhorar, mas o número de mortos subiu na noite de quinta para sexta-feira com a descoberta do corpo de um homem de 65 anos, em Simbach am Inn, na Baviera, uma das áreas mais afetadas pelas enchentes.
Um total de 10 pessoas morreram na Alemanha desde o início da semana devido ao mau tempo: seis na Baviera, onde um casal de idosos ainda está desaparecido, e quatro na região de Baden-Württemberg. No sul da Bélgica, o corpo de um apicultor arrastado na quinta-feira, num rio transbordado foi encontrado nesta sexta-feira. As inundações também atingiram a Roménia, onde as autoridades confirmaram nesta sexta-feira a morte de dois homens encontrados afogados no leste do país.
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