Em janeiro, “existiam 54.592 utentes a aguardar cirurgia há mais de um ano, o que corresponde a 20,5% do total de utentes inscritos em LIC [lista de inscritos para cirurgia]”, revelou a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) ao Público.

Segundo os dados fornecidos ao jornal, no primeiro mês do ano, o número de pessoas inscritas para a realização de uma cirurgia no Serviço Nacional de Saúde era de 216 mil. Desses, a maioria (61,4%) dos inscritos estava dentro dos tempos máximos de resposta garantidos (TMRG). No entanto, mais de 83 mil já ultrapassaram o tempo de espera recomendado e destes, mais de 54 mil estão à esperar de cirurgia à mais de um ano.

Os TMRG variam consoante a classificação do perfil clínico de cada doente. Por exemplo, doentes classificados como muito prioritários devem ser operados num prazo de 15 dias após a indicação para serem operados. Para doentes prioritários o prazo muda para 45 dias para doentes oncológicos e 60 para as restantes doenças. Já o prazo para um caso de prioridade normal vai entre os dois meses, para doentes com cancro, e três meses para doentes com outras enfermidades.

Se compararmos com janeiro de 2020, no período pré-pandemia, 2021 arrancou com mais de 19 mil pessoas à espera de cirurgia há mais de um ano. Na altura eram 35.403, mas logo em maio, quando toda a actividade programada não urgente foi suspensa, este número subiu quase para 45 mil utentes.

Para além do elevado número de doentes à espera de cirurgia, é preciso ter em conta que com a redução de consultas presenciais, houve um menor número de indicação para cirurgias. O número de pessoas inscritas para cirurgias diminuiu sempre entre março de 2020 e dezembro, escreve o Público. O ano começou com cerca de 252 mil utentes inscritos e terminou com 212 mil.