“As próximas semanas e meses serão decisivos. Vocês precisam de mais. Mais sistemas de defesa aérea, mais mísseis de longo alcance e munições, e, sobretudo, precisam de tanques. Agora mesmo”, afirmou Charles Michel perante o parlamento da Ucrânia, numa declaração divulgada pelo seu gabinete.

O presidente do Conselho Europeu viajou hoje de manhã para a capital ucraniana, no contexto do conflito em curso na Ucrânia após a invasão das forças russas.

A viagem foi anunciada com um vídeo do próprio divulgado na rede social Twitter e apenas quando Charles Michel já se encontrava a caminho de Kiev para um encontro com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.

Na mesma intervenção, o presidente do Conselho recordou que, pela primeira vez na história da União Europeia (UE), os 27 Estados-membros concordaram em enviar “equipamento militar letal para um país terceiro”, afirmando: “Estamos determinados em continuar a ajudar-vos no campo de batalha”.

Já no Twitter, e também numa mensagem dirigida a Kiev e em especial ao Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, com quem se encontrou, o representante comunitário acrescentou: “Nós ouvimos a vossa mensagem. (…) Acredito firmemente que os tanques devem ser entregues”.

O Reino Unido já prometeu 14 tanques pesados Challenger 2 e 600 mísseis Brimstone e a Polónia diz estar pronta a enviar 14 tanques Leopard 2 de fabrico alemão, se Berlim permitir o seu envio para a Ucrânia.

A pressão tem vindo a aumentar para que o chanceler alemão, Olaf Scholz, dê ‘luz verde’ para que os tanques Leopard 2, que estão ao serviço de vários exércitos da NATO, sejam libertados e enviados para solo ucraniano.

Ainda na intervenção no parlamento ucraniano, Charles Michel lembrou que até hoje os países da UE “mobilizaram um total de 11 mil milhões de euros em apoio militar” e que estão a treinar 15 mil soldados.

Mas, segundo sustentou o líder comunitário, o apoio a Kiev também ocorre “internacionalmente, além das fronteiras da Ucrânia”, com a tentativa de “isolar a Rússia” e com pacotes de “sanções contundentes”, até à data um total de nove, deixando a promessa de que mais estão a caminho.

“Também estamos a trabalhar arduamente para reunir o apoio internacional mais alargado possível para o vosso país. Em África, na Ásia, China e na América Latina, em qualquer reunião que tenhamos com líderes estrangeiros, o apoio ao vosso país é o primeiro assunto que discutimos”, referiu.

Charles Michel lembrou também que dentro de poucos dias vai realizar-se a cimeira entre a UE e a Ucrânia, em Kiev, na qual serão abordadas todas as formas de apoio possíveis daqui para a frente, “tanto na corajosa resistência contra a Rússia, como no caminho em direção à UE”.

“Não é possível haver uma Europa independente e segura sem uma Ucrânia independente e segura. Não há uma Europa livre sem uma Ucrânia livre. Os nossos futuros estão unidos”, finalizou.

A cimeira UE-Ucrânia irá decorrer em 03 de fevereiro em Kiev, com a participação do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e do presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, mas sem a presença dos chefes de Estado e de Governo dos Estados-membros.

A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).