A primeira visita foi realizada no sábado, e juntou cerca de 40 participantes que se “atiraram” às águas calmas do rio Côa, para poderem contemplar as gravuras rupestres do Vale do Côa, com mais de 30.000 anos, com destaque para o maior boi selvagem (auroque) do mundo, gravado na rocha que recentemente foi posto a descoberto no sítio do Fariseu.

O percurso começou pela manhã, junto ao paredão que restou do antigo complexo que seria a barragem do Baixo Côa e, a partir deste ponto, os visitantes foram nadando e remando ao longo de quatro quilómetros, com tempo para parar pelo caminho, onde apenas se ouvia as explicações dos guias turísticos da Fundação Côa Parque e o salpicar da água.

Aos visitantes tudo foi explicado, com o pormenor de cada risco picotado no xisto, o que era sempre motivo para mais uma questão, não se estivesse num local que constitui a maior exposição de arte rupestre ao livre em todo o mundo, classificada como Património da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).

Carlos Gonçalves, um dos mentores deste projeto de “Águas Abertas”, frisou que esta modalidade aquática pretende juntar a cultura e o desporto, promovendo ao mesmo tempo o convívio entre os grupos de pessoas participantes, cumprindo para já todas a regras sanitárias impostas.

“Escolhemos este troço do rio Côa, entre a Canada do Inferno e sítio do Fariseu, por ser paradísico, de grande valor cultural e patrimonial”, referiu o também responsável pela Master Swim Tours, parceira da Fundação Côa Parque nesta nova forma de visita às gravuras do Côa.

Para o também praticante desta modalidade, as pessoas como mais de 35 anos privilegiam este tipo natação em “Águas Abertas”, pela sua componente desportiva não competitiva, pelo convívio e pela aprendizagem.

“Conjugar a natação com as gravuras do Côa foi uma experiência única que praticamente se pode fazer quase durante todo o ano. Hoje a temperatura da água rondava 20 graus. No outono e com os fatos que vestimos nada sente”, concluiu o nadador.

Já Maria Giraldo, uma praticante argentina deste tipo de modalidade aquática, sempre foi dizendo que se tratou de “uma experiência inesquecível”.

“Esta é uma forma muito interessante de dar a conhecer ao turismo aquático a história que contribui para a promoção de Portugal no estrangeiro”, concretizou a praticante de natação.

O novo conceito de visita à Arte do Côa integra-se na modalidade de natação em “águas abertas”, de mares, rios, lagos, albufeiras, entre outros locais, com pouca ou nenhuma delimitação física do espaço onde é praticada.

Os praticantes desta modalidade estão espalhados um pouco por todo país e pela Europa, o que pode atrair ao Côa muitos praticantes de atividades ao ar livre, em tempo de pandemia.

Outro dos nadadores, Francisco Olazábal, sempre foi acrescentando que já tem praticado a modalidade em muitos sítios, mas nunca num lugar como no rio Côa, onde há oportunidade de ver as gravuras.

Rita Guimarães, que participou nesta novo modelo de visita, disse que o fez por gostar de nadar, mas acabou por conhecer as gravuras do Côa de um outro ângulo.

“O percurso faz-se muito bem, já que o rio não tem corrente, e gostei imenso de ver este património rupestre, único no mundo”, concluiu.

Os mais “fortes” ao chegarem ao final do percurso, e após a visita às gravuras, meteram-se de novo ao rio, para regressarem ao ponto de partida, numa partilha das emoções do percurso.

E quem não sabia nadar, ou não se atreveu, optou por uma visita às gravuras com recurso à canoagem, uma das ofertas mais procuradas nos roteiros turístico do Vale do Côa, para divulgação do seu património arqueológico e natural.

O espaço arqueológico do Vale do Côa divide-se em dois eixos fluviais principais: 30 quilómetros ao longo do rio Côa, com os sítios da Faia, Penascosa, Quinta da Barca, Ribeira de Piscos, Canada do Inferno, e 15 quilómetros pelas margens do rio Douro, nas áreas de Fonte Frireira, Broeira, Foz do Côa, Vermelhosa, Vale de José Esteves e Vale de Cabrões.