Em 08 de dezembro, após uma ofensiva de 11 dias, uma coligação rebelde dominada pelo grupo radical islâmico Hayat Tahrir al-Sham (HTS) derrubou o governo de Bashar al-Assad, que se refugiou com a família na Rússia.

“O restabelecimento das relações deve ter em conta os erros do passado, respeitar a vontade do povo sírio e servir os seus interesses”, alertou na terça-feira, em comunicado, a nova administração.

As discussões “centraram-se em questões-chave, incluindo o respeito pela soberania e integridade territorial da Síria”, disse o Governo sírio.

“A Rússia afirmou o seu apoio às mudanças positivas em curso na Síria. O diálogo destacou o papel da Rússia na restauração da confiança com o povo sírio através de medidas concretas, como reparações, reconstrução e recuperação”, acrescentou.

Esta é a primeira visita de uma delegação da Rússia à Síria desde a queda de al-Assad, que era apoiado por Moscovo.

O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros Mikhail Bogdanov disse que foi recebido durante três horas pelo novo líder sírio, Ahmad al-Sharaa, e pelo ministro dos Negócios Estrangeiros sírio, Assaad Al-Chibani.

“A reunião correu bem no geral” e a Rússia está “pronta para contribuir para a estabilização da situação”, disse Bogdanov, citado pelas agências de notícias russas Ria Novosti e TASS.

O diplomata estava acompanhado pelo enviado especial do Presidente russo para a Síria, Alexander Lavrentiev.

A queda de Assad foi um duro golpe para Moscovo, que, juntamente com o Irão, era o principal aliado do antigo presidente sírio e intervinha militarmente na Síria desde 2015.

Em causa, está o destino da base naval de Tartus e do aeródromo militar de Hmeimim, infraestruturas fundamentais para a Rússia manter a influência no Médio Oriente, na bacia do Mediterrâneo e até em África.

Bogdanov disse esperar que “os interesses [russos] não sejam afectados” e que a situação nas bases russas “não mude”.

Esta questão exigirá negociações adicionais”, admitiu.

No início do mês, o jornal Al Watan noticiou que um contrato com uma empresa russa para modernizar o porto comercial de Tartus tinha sido cancelado.

O novo líder sírio, Ahmad al-Sharaa, adotou um tom conciliador no final de dezembro, saudando os “profundos interesses estratégicos” entre a Síria e a Rússia e manifestando o desejo de restabelecer as relações com Moscovo.

“A Rússia é um país importante. Há interesses estratégicos profundos entre a Rússia e a Síria”, afirmou numa entrevista ao canal Al-Arabiya.

Em dezembro, o Presidente russo, Vladimir Putin, disse que Moscovo tinha conseguido impedir que a Síria se tornasse “um enclave terrorista”.