Centenas de pessoas reuniram-se este sábado na Praça da República, no centro de Paris, para exigir respostas sobre o assassinato de três curdos na capital francesa.

Os promotores da manifestação, desde ativistas curdos, políticos de esquerda a outros grupos antirracistas dizem que o ataque de sexta-feira foi motivado por motivos raciais.

O chefe da polícia de Paris encontrou-se hoje com membros da comunidade curda para tentar acalmar os seus receios antes do comício na Praça da República.

Na concentração, alguns manifestantes gritaram ‘slogans’ contra o Governo da Turquia, que enfrenta desde a década de 1980 uma insurgência do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), formado para lutar por um Estado curdo independente.

O fundador do PKK, Abdullah Ocalan, cumpre uma pena de prisão perpétua na Turquia, depois de ter sido detido em 1999.

Em 2013, três mulheres ativistas curdas, incluindo Sakine Cansiz, também fundadora do PKK, foram encontradas mortas a tiro num centro curdo em Paris.

O exército turco tem lutado contra militantes curdos do PKK no sudeste da Turquia, assim como no norte do Iraque.

As forças turcas lançaram recentemente uma série de ataques aéreos e de artilharia contra alvos militantes curdos sírios no norte da Síria.

A Turquia considera o PKK uma organização terrorista.

Segundo a organização Council for Foreign Affairs (CFR), com sede em Nova Iorque, o conflito entre a Turquia e o PKK provocou cerca de 40.000 mortos desde que começou.

Cerca de 30 milhões de curdos vivem no Médio Oriente, principalmente no Irão, Iraque, Síria e Turquia, países que integram a região montanhosa do Curdistão nativa da etnia de origen iraniana.

Os curdos representam quase um quinto da população de 79 milhões de pessoas da Turquia.

A manifestação de hoje em Paris, que estava a ser pacífica, acabou por resultar em novos confrontos com a polícia, depois do arremesso de objetos e do uso de material pirotécnico.

De acordo com as imagens da RTP, a polícia francesa foi obrigada a usar gás lacrimogéneo para acalmar os ânimos.

Recorde-se que estes protestos começaram na sexta-feira, depois de um tiroteio junto a um centro cultural curdo.

Um cidadão francês de 69 anos, com antecedentes criminais por ataques racistas e que tinha saído da prisão no dia 11 deste mês, depois de ter atacado um acampamento de imigrantes, foi o autor do tiroteio que tirou a vida a três curdos, e feriu outros três, esta sexta-feira.

O ataque aconteceu nas imediações de um centro cultural e provocou uma grande comoção na comunidade curda de França, que se prepara para assinalar o 10.º aniversário do assassínio de três dos seus ativistas, a 10 de janeiro de 2013, por um radical turco que os executou com um tiro na nuca.

O suspeito enfrenta potenciais acusações de homicídio e tentativa de homicídio com um motivo racista, disse hoje o Ministério Público parisiense, citado pela agência norte-americana AP.

(notícia atualizada às 16h00)

*com Lusa