Em conferência de imprensa, o porta-voz da OIM, Joel Millman, indicou que entre as vítimas mortais estão seis crianças e que há ainda registo de cerca de 130 feridos.
No último balanço, a ONU apontava para 44 o número de mortos devido ao ataque.
“Insistimos que deve haver uma investigação clara e independente que explique como é que aconteceu este ataque e quem é o responsável”, reiterou Millman.
Na terça-feira, o enviado da ONU à Líbia, Ghassan Salame, declarou que este ataque aéreo pode constituir um “crime de guerra”, pedindo à comunidade internacional para o condenar.
O ataque atingiu uma oficina de armamento e de veículos e uma espécie de hangar que integra o centro de detenção de Tajoura, nos arredores de Tripoli, onde estavam mais de 100 migrantes, a maioria oriundos do Sudão e de Marrocos, relataram dois migrantes em declarações à agência norte-americana Associated Press (AP).
No mesmo dia, o secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu uma “investigação independente” sobre as circunstâncias do ataque aéreo.
O ataque está a ser condenado a nível internacional e a suscitar preocupações sobre a política da União Europeia (UE) de estabelecer parcerias com as milícias líbias para evitar que os migrantes atravessem o Mediterrâneo.
A Líbia tornou-se nos últimos anos uma placa giratória para centenas de milhares de migrantes que tentam alcançar a Europa através do Mediterrâneo.
Várias organizações internacionais estão a condenar este ataque, como a Médicos sem Fronteiras (MSF), que tem equipas destacadas na Líbia.
O ataque foi igualmente condenado pelo Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR) e pela Organização Internacional para as Migrações (OIM).
“As duas organizações condenam veementemente este e qualquer outro ataque a vidas civis. Também pedimos o fim imediato da detenção de migrantes e refugiados. Pedimos uma garantia da sua proteção na Líbia”, indicaram o ACNUR e a OIM, num comunicado conjunto, em que apelam igualmente a “uma investigação completa e independente”.
A Líbia, imersa num caos político e securitário desde a queda do regime de Muammar Kadhafi em 2011 e devido a divisões e lutas internas de influência entre milícias e tribos, tem sido um terreno fértil para as redes de tráfico ilegal de migrantes e de situações de sequestro, tortura e violações em centros de detenção sobrelotados e precários.
O Governo de acordo nacional líbio, estabelecido em 2015 na capital líbia e reconhecido pela comunidade internacional (incluindo pelas Nações Unidas), está a atribuir o ataque ao exército nacional líbio liderado pelo marechal Khalifa Haftar, o homem forte da fação que controla o leste da Líbia e que lançou em abril uma ofensiva contra Tripoli.
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